segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

É NATAL!

Ilustração de Jane Hilda

O Amanhecer


Para Firmino Rocha,
em memória

A estrela desponta,
A nuvem se descobre,
O galo clarineta
E anuncia que  em Belém
O menino já chegou
Na manhã mais bela.

A boa notícia corre
No fiozinho do rio
Que da montanha desce.
Segue no vento leve
Que sopra a flor sozinha
Na plantinha do brejo.
Vem com a borboleta
Que pousa na roseira
E fica brincando
Com os raios de sol.

 

      Cyro de Mattos

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Poema: Carta a Ilhéus



Carta a Ilhéus


    Poema dedicado aos 500 anos de Ilhéus, passagem que ocorrerá em 2034.


Ilhéus, estou aqui, um dos seus,
filho de sua filha, plaga de sua plaga,
parte da Capitania.

Onde seu reino se instala,
                                 não se apaga,
pois suas terras, como eu disse,
são sangue do nosso sangue,
sem distinção entre natos e naturalizados.

Venho rogar pelos nossos dias. E venho anotar,
também, o meu alistamento; ao qual, respondo
sem hesitar.

Valho-me do jus soli,
dos meus ancestrais que estão em seus cemitérios,
do suor deles e do meu, que caíram sobre as suas terras;

valho-me do jus sanguinis,
do nosso sangue mestiço;

valho-me das vitórias por Nossa Senhora,
dos colonos aqui radicados, dos migrantes,
do nosso sangue estrangeiro;

valho-me dos bravos nadadores assassinados,
dos aimorés, das tribos expulsas,
do nosso sangue caboclo;

valho-me do levante do Engenho de Sant’Ana,
da resistência escrava, dos quilombos,
do nosso sangue crioulo;

e dirijo-lhe esta oração:

Ó, Ilhéus, terra mãe,
conduza-nos ao futuro.
Ajude-nos a salvar a sua memória,
ecoar os acertos e não reiterar os erros.
Em um ambiente de paz e fraternidade,
dê-nos gana sem ganância.
Você, que é anciã, de sabedoria secular,
ensine-nos sobre igualdade e respeito.
Que, nesse porvir, tenhamos o mínimo existencial,
para que cada cidadão seu tenha uma vida digna.
Que a infância seja protegida;
            a juventude, alimentada;
                   e a velhice, acolhida.
Que não falte ocupação aos adultos, nem amparo na falta.
Que, na escassez, haja partilha; e, na fartura, prudência.
Que as futuras gerações frequentem boas escolas,
desfrutem da natureza e se preocupem com as que virão;
e que encontrem em você um lar,
amando-lhe, como nós, hoje, amamos.




Geraldo Lavigne de Lemos
Membro da Academia de Letras de Ilhéus e da Agenda 34.


quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

ARTIGO

UM MESTRE DA CRÔNICA
Por Cyro de Mattos

De origem grega, a palavra crônica vem de chronos, que quer dizer tempo. Forma  textual de narrativa curta, a crônica possui uma inclinação para  os fatos da vida diária, contemporâneos. Escrita para o jornal ou revista, televisão ou rádio, o estofo literário retira-lhe a condição estrita de jornalismo, cuja linguagem é objetiva para informar o fato. Conciso e útil,  o jornalismo pretende aproximar  do evento os  seres humanos com a linguagem precisa, onde quer que estejam,  para que tomem  conhecimento do que acontece no mundo, enquanto a crônica ameniza a notícia ou o evento levado ao leitor sobre a vida diária.    
Na crônica de humor, o autor faz graça com o cotidiano. Na crônica de feição do ensaio,  o cronista tece crítica ao que acontece no sistema organizado, detectando falhas nas relações sociais e de poder. Na crônica filosófica logra extrair do cotidiano reflexões  sábias,  a partir de um fato. Na jornalística enfoca aspectos particulares de notícias ou fatos, que podem acontecer na área esportiva, policial e política ou  em outros campos da atuação humana.
Pode ser atemporal, se o  assunto,  extraído da realidade exterior sob bases sentimentais,  revestir-se  de estofo literário, servindo para ser lido tempos depois   desgarrado do seu contexto  e ainda assim causando emoção.  Sempre dando  tratamento agradável ao assunto em  que está descrevendo,  a crônica é  de tal forma argumentativa ou  digressiva nos devaneios dos sentimentos. Seu lirismo poetiza a vida, aviva  o evento com graça,  tornando-o ameno pelo eu que  o recorda no relógio afetivo do peito.
A crônica atingiu o ápice na Idade Média quando passou a registrar  uma série de acontecimentos, obedecendo  uma sequência linear. Nessa época  era destituída de qualquer interpretação nas informações de natureza histórica. Com a significação moderna entrou em uso no século XIX  quando passou a designar textos que, embora remotamente se ligam à forma originária,  revestem-se de tratamento literário para tornar o assunto menos insípido e fugaz.  Em nossas letras,  Machado de Assis, no século XIX,  com engenho e arte  encontrou os meios necessários para lhe dar expressividade. 
         A crônica no seu arcabouço de escrita híbrida, entre o jornal e o literário, não apresenta limites muito definidos. Sujeita ao efêmero que passa  ante o eterno que fica, o espaço que melhor  achou para morar e se expandir  foi  o jornal, lugar em que  demonstra  leveza na informação do fato e corresponde  ao que os ingleses chamam de commentary, sketch, light essay, literary column, human interest story. Usa a oralidade na fala dos personagens e o coloquial na escrita, a linguagem é  simples, alguns querem que seja   como  poesia espontânea  em forma de prosa.
      A crítica não aceita a crônica como uma expressão  literária significativa,  se comparada ao romance, à poesia e ao conto.  Nenhuma literatura se faz grande com livros de crônicas, alega-se. No Brasil, quando se fala em cronistas de primeira grandeza soam com aplausos os nomes de Rubem Braga, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos, Carlos Heitor Cony, Henrique Pongeti, Stanislaw Ponte Preta, Rachel de Queiroz, Carlos Drummond de Andrade, Nelson Rodrigues  e Fernando  Veríssimo.
         No elenco formado por esses cronistas de primeira qualidade  poderia figurar o baiano (de Ilhéus) Fernando Leite Mendes?
          Como todo bom autor, ele escreveu um sem-número de crônicas para todos os gostos com fina sensibilidade. Dariam, se publicadas,  vários volumes. Ficaram esparsas, esquecidas, perdidas no baú do tempo. O único livro desse cronista admirável, Os olhos Azuis de D. Alina e algumas crônicas (1985), hoje uma raridade  bibliográfica,  foi publicado postumamente, graças à iniciativa do sobrinho Gumercindo Leite Mendes. O volume reúne cinqüenta crônicas, algumas antológicas, como “Os Gatos” e “Elogio do Urubu”, a primeira de humor e a segunda com sabor de prosa poética; “João da Verdura”   e “ Adeus, Tamiroff!”, crônicas, como de resto,  além do cotidiano, de tão humanas, atingem o universal, em seus tons carregados de subjetividade comovente.   Apresentam-se pontuadas de ternura na exposição do drama.  
          Jornalista de talento excepcional, de Salvador seguiu com sua vocação para o  Rio onde, nos anos em que residiu na metrópole, nunca esqueceu  as raízes  baianas, fincadas em  Ilhéus e Salvador. Em terras cariocas,  no seu voo de homem inteligente,     se impôs como editor, redator e cronista dos principais veículos da imprensa.  Lúcido,  esteve presente em algumas colunas importantes que assinou: O Homem da Rua, A Poesia do Asfalto, Sextas-Feiras Estórias.  Foi editor  político de “Última Hora”, redator da “Revista da Semana” e do “ Consórcio Time-Life”, editorialista do “Diário de Notícias” e do “ Correio da Manhã”, redator-chefe do “Diário Carioca.”
Intensamente humano, autêntico  lírico que gostava de expressar  o lado encantador da vida, como mostra em “Os Olhos Azuis de D. Alina”;  com a alma triste pelo  que percebeu  na figura de Jacinto de Gouveia, um tocador de piano no cabaré de Ilhéus, que fumava cachimbo inglês e usava cachecol, na cidade atlântica de clima tropical,  vivendo pobremente, e que, na última vez que viu o cronista,  pediu-lhe que trouxesse do Rio a partitura do poema sinfônico Finlândia, de Sibelius; irônico como pede o assunto em “Um Comedor de Vidro”; alegre com os lances aguerridos da pelada,  vista da janela, quando então se revoltou  com o adulto que quis interrompê-la,  depois aceitou  o convite dos meninos e foi pegar no gol. 
Com uma capacidade de falar de modo simples e, ao mesmo tempo, sedutor e culto, de gesto solidário e terno, o  Tempo não quis que esse amanuense da palavra vivesse  mais anos aqui entre os humanos.  Foi-se embora aos 48 anos. Tivesse mais tempo para esbanjar seu talento verbal, certamente teria  posto numa festa demorada da vida mais riso, fraternidade, esperança e sonho, companhias necessárias, ontem como hoje. Haveria mais leitura desses momentos fotográficos que ele registrou  no teclado da  sua máquina portátil Remington, levada para ser usada onde estivesse, em Hong-Kong ou Paris. Mais escuta sensível  dos seres humanos haveria, graças a um senhor gordo, com alma de menino, um relógio de cordas suaves no peito, cujos ponteiros costumavam marcar como poesia os  passos da existência. Mais divulgado, em seu brinquedo preferido, a crônica, ensejaria  minutos de delícia às novas gerações. 


·         Baiano de Itabuna, Cyro de Mattos é contista, novelista, romancista, cronista, poeta, autor de livros para jovens e crianças  Já publicou  quarenta e três livros pessoais no Brasil e nove  no exterior.  É membro efetivo da Ordem do Mérito da  Bahia, Academias de Letras da  Bahia, de Ilhéus e de Itabuna,  e Pen Clube do Brasil. Doutor Honoris Causa da Universidade Estadual de Santa Cruz (Sul da Bahia). Premiado no Brasil, Portugal, Itália e México.


quinta-feira, 23 de novembro de 2017

ACADÊMICA MARIA LUIZA HEINE LANÇA NOVO LIVRO



Maria Luiza Heine lançou o livro "Política Nacional de Educação Ambiental: entre a Lei e a realidade", em 13 de novembro p.p., na Academia de Letras de Ilhéus. Estiveram presentes seu editor prof. Gasparetto da Via Litterarum, André Rosa- Presidente da Academia de Letras de Ilhéus e a Secretária Geral da ALI Jane Hilda Badaró, Profa. Sandra Milanesi - Diretora da Faculdade de Ilhéus, Acadêmicos Raimundo Laranjeira, Eliane Saboia, Hans Scaeppi, Maria Schaun e Pawlo Cidade, também Secretário de Cultura de Ilhéus, Antonio Marcos Campos- Presidente da Associação Comercial de Ilhéus, Janete Lainha - do Conselho de Cultura, o contador de histórias José Delmo, além de amigos e familiares da autora. 
Profa. Sandra Milanesi, Antonio Marcos Campos, Eliane Saboia, 
Maria Luiza, Pawlo Cidade e Jane Hilda

Maria Luíza Heine é Membro efetivo da Academia de Letras de Ilhéus. Nasceu no Rio de Janeiro e veio morar em Ilhéus na década de 70. Formou em Filosofia pela Fespi, atual UESC. Fez Especialização em História Regional e Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente. Tem sete livros lançados. Este título é resultado de sua tese de Doutorado em Educação na Universidade do Estado da Bahia

ARTIGO


Romancista do  Nascimento do Brasil 
       Cyro de Mattos
     

          Aracyldo Marques nasceu em Ilhéus onde fez os estudos primários. Concluiu o secundário em Salvador. No Rio de Janeiro fez o curso científico e ingressou na Escola de Medicina.  Mudou-se para o Paraná  em 1954, onde permaneceu por várias décadas,  como médico clínico,  em Campo Mourão. Faleceu em 20 de abril de  1996.
       Publicou: As rosas florescem em maio (1968), romance  em que recria  a vida diária e provinciana de Campo Mourão; E o verde voltará (1971), contos, com temas relacionados à colonização do centro-oeste do Paraná; O sino de cobre (1976), romance em que  enfoca  o retorno à infância de um menino através de sessões psiquiátricas e os conflitos que decorrem dessa volta; O tempo, cavalo doido (1982), romance que tem como tema a difícil  trajetória de um retirante nordestino; Extermínio (1986), romance em que  narra  a ocupação  da Capitania de São Jorge dos Ilhéus e  o genocídio que vitimou os povos nativos;  Templo de solidão (1987), romance, em que descreve o drama de um deficiente rejeitado pelo mundo;  Demônios do planalto, romance em que relata a saga do Contestado; Os desbravadores, romance que tem como fundo a saga dos  pioneiros de Campo Mourão.
        Em Extermínio, Aracyldo Marques  viaja pelos primórdios do Brasil quando ainda  estava  nascendo como nação na Capitania de São Jorge dos Ilhéus, pertencente ao escrivão luso Jorge de Figueiredo Correia.  Numa narrativa  que oscila  entre o lírico e o dramático,  o romance  tem uma estrutura simples, tripartite:  O Paraíso, A Vila e A Guerra dos Nadadores.
      Na primeira parte,  os costumes dos nativos são mostrados em suas bases naturais e deles fazem  parte uma nudez inocente. Em convívio de pura integração comunitária, vemos como a vida organiza-se na tribo: os  homens  pescam e  caçam, os mais jovens, os guerreiros, defendem a aldeia,  enquanto as mulheres dedicam-se à lavoura de milho  e  aipim;  além disso, são tecelãs hábeis, no artesanato útil fazem esteira, rede e cesto.  Há também o costume de comer moqueado o inimigo colonizador, fazendo com que o ódio ao invasor seja alimentado  em cada pedaço de carne comido..
      A mata não tem fim, escura de dia, de tão fechada,   a qualquer momento hostil nas emboscadas do  bicho,  que rasteja, salta e voa. Abriga minúsculos e maiúsculos dramas vividos por bichos e pássaros no cenário selvagem.  Perde-se no verde, que brilha intenso ao sol forte. À noite,  a lua derrama sua prata na cabeleira das árvores.   O mar perde-se nos confins do azul, lá  onde o céu se acurva. Sol ardente durante o dia,  “sempre rutilante, que aquece a terra, e traz algaravia aos pássaros,  cio aos animais, amor ao coração dos  seres viventes que falam e pensam. É festa na mata, é festa no mar, é festa  também no céu.” (p. 29) Falam os nativos e não deixa de pensar   nisso Pedro Dias, que chega a ter certeza de que é naquelas paragens,  não em algum outro lugar desse mundo,  que está o paraíso.
      Pedro Dias e seu filho Jaguanharõ, que quer dizer onça-brava, são personagens nucleares que entram em cena  já na primeira parte do romance. Seguindo com outro companheiro para o  degredo, o português Pedro Dias  foi deixado  “num país estranho, no meio de selvagens que ele, por sorte ou por fatalidade, ainda estava ali, vivo, fazendo parte da tribo como um deles, com os costumes deles que adquiriu ao longo do tempo,  inclusive o de comer moquém dos inimigos”,  e outras coisas mais, como o de ter várias índias, ao mesmo tempo,  como suas mulheres. (p. 36)
           O menino Jaguaranhõ, de cabelos cor de ouro e olhos esverdeados, irá se transformar no grande herói dos povos  nativos, exterminados pelos colonizadores. Apesar de sua pouca idade e ainda não ter se submetido às provas necessárias para ser considerado um guerreiro, era tido como um menino  muito corajoso. Nunca dirigiu ao pai Pedro Dias  uma palavra,  jamais  abriu a boca para lhe mostrar um sorriso, sempre arredio. Seu olhar duro provocava no rosto do  pai uma expressão de medo. 
           

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

NOTAS DA ACADEMIA DE LETRAS DE ILHÉUS

Trata-se a Academia de Letras de Ilhéus, de um Templo da inteligência e do espírito - e desde sua fundação passaram, assim como também hoje estão, e são, intelectuais do  mais alto quilate, pessoas exponenciais no cenário cultural e literário de Ilhéus e da Bahia, além dos que extrapolam fronteiras e galgam o reconhecimento nacional e internacional. Por isso vale registrar as notícias, os movimentos da “Casa de Abel”, como carinhosamente é chamado aquele sodalício, em homenagem a Abel Pereira, que a fundou nos idos de 1954, acompanhado por alguns sonhadores idealistas à exemplo de Nelson SchaunLeones da Fonseca, Wilde Oliveira Lima, Jorge Amado, Paulo Cardoso Pinto, Ramiro Berbert de Castro, Adonias Filho, dentre outros. Vamos às nossas notas:




MARIA LUÍZA HEINE LANÇA LIVRO DIA 13 DE NOVEMBRO NA ACADEMIA DE LETRAS DE ILHÉUS. 

A Academia de Letras de Ilhéus e a Editora Via Literarum, convidam para o lançamento do livro “Política Nacional de Educacão Ambiental: entre a lei e a realidade”, de Maria Luiza Heine, no próximo dia 13 de novembro  ( segunda-feira), às 17 horas, na sede da ALI - Rua Antônio Lavigne de Lemos, 39 - centro, Ilhéus-Bahia - (73) 3231-1612. O livro é resultado do trabalho desenvolvido no seu curso de Doutorado em Educação realizado na UNEB, quando desenvolveu pesquisas em 12 escolas públicas da zona sul da cidade de Ilhéus, com tese defendida em 2013. A autora é membro da Academia de Letras de Ilhéus, professora visitante da Universidade do Estado da Bahia – UNEB - com atuação no mestrado profissional em Educação - GESTEC, e professora Titular na Universidade Tiradentes em Aracajú.  




ALEILTON FONSECA FEZ PALESTRA EM EVENTO DA SORBONNE, E LANÇA TRADUÇÃO FRANCESA DO SEU LIVRO “O PÊNDULO DE EUCLIDES”, EM PARIS. 

Aleilton Fonseca, membro da Academia de Letras de Ilhéus, da Academia Baiana de Letras, e professor da Universidade Estadual de Feira de Santana, participou, na primeira quinzena de novembro, do Colloque Internacional da Université du CREPAL, Amérindianités au Brésil et au Québec: ArtLittératurepatrimoineles armes d’une reconquête. Integrando as programações do Colóquio - evento promovido pela Universitè Sorbonne Nouvelle- Paris 3, em parceria com o Mestrado em Estudos Literários/UEFS -  Aleilton participou de mesa redonda sobre a Guerra de Canudos, ao lado da professora Rosana Patrício, e realizou lançamento de “O Pêndulo de Euclides”, livro de sua lavra, traduzido para o francês por Dominique Stoenesco com o título La guerre de Canudos: une tragedie au coeur du sertão” - Editora Petra 





MARIA SCHAUN REPRESENTOU A ALI NA ABERTURA DA SEMANA TECNOLÓGICA DO CEEP, DIALOGANDO SOBRE NELSON SHAUN.  

Em 6 de novembro p.p. a acadêmica Maria Schaun, que  é autora (org) do livro “Nelson Schaun merece um livro”, Editus/ UESC, esteve presente na abertura da Semana Tecnológica do Colégio Estadual de Educação Profissional do Chocolate Nelson Schaun – CEEP, antigo Colégio Estadual de Ilhéus, tendo participado de roda de conversa com professores, alunos e funcionários, sobre a vida e obra de Nelson Schaun, Na oportunidade esteve presente também Socorro Schaun, filha de Nelson, e o Superintendente de Educação Durval Libânio, que falou de seu encantamento com os escritos daquele que foi um dos grandes entusiastas para a criação e fundação da academia ilheense.  



DIA DA CULTURA FOI COMEMORADO PELA ALI EM ATIVIDADE COM ALUNOS DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO 

Para comemorar o Dia da Cultura, que transcorre anualmente em 5 de novembro de cada ano -  data escolhida por ser a de nascimento de Ruy Barbosa - a Academia de Letras de Ilhéus, por seu presidente André Luiz Rosa, realizou em 7 de novembro p.p., uma visita guiada com alunos do quinto ano da rede municipal de ensino-Colégio Heitor Dias- no Centro Histórico da cidade, percorrendo os cenários ambientados na obra de Jorge Amado. Na oportunidade, foram realizadas rodas de conversas nas praças Ruy Barbosa e Castro Alves, em torno das estátuas dos dois grandes vultos da literatura baiana e nacional, sobre vida e obra dos mesmos.  

NOVA COMPOSIÇÃO DA DIRETORIA DA ALI, ATÉ MARÇO DE 2018. 

Com o pedido de afastamento de Pawlo Cidade do cargo de Secretário Geral da ALI, devido a nova função que passou a ocupar na Secretaria de Cultura do Município de Ilhéus- cuja titularidade deve ser oficializada em breve, a acadêmica Jane Hilda Badaró passou a integrar, desde outubro p.p., a diretoria da ALI, que fica assim composta para a gestão que se encerra em 14 de março de 2018:  

Presidente: André Luiz Rosa Ribeiro
Vice-Presidente: Arléo Barbosa 
Secretária Geral: Jane Hilda Badaró  
1ª. Secretária: Maria Schaun 
2º. Secretário: Josevandro Nascimento 
1º. Tesoureiro: Gerson dos Anjos 
2º. Tesoureiro: Gustavo Cunha 
Diretor de Biblioteca: Geraldo Lavigne de Lemos  
     Diretora de Revista: Maria Luiza Nora Baísa 



SEBASTIÃO MACIEL EMPOSSADO NA ACADEMIA DE LETRAS DE ILHÉUS, COM SAUDAÇÃO DE LUIZ PEDREIRA FERNANDES.   

Sabastião Maciel Costa passou a ocupar, a partir de 27 de outubro, a cadeira n. 2 da Academia de Letras de Ilhéus, cujo patrono é Afrânio Peixoto, e ocupante efetivo anterior Cláudio Silveira. O acadêmico Luiz Pedreira fez a saudação. Na mesa condutora da solenidade estiveram o Presidente da ALI André Luiz Rosa, Secretária Geral da ALI Jane Hilda Badaró, Presidente do Lions Clube Pontal- Gilda Porto, Representante da Marinha do Brasil - Capitão de Corveta Uanderson Simoni Lauriano, e prof. José Augusto Carvalho, docente da UESC e membro da Loja Macônica e Resistência. Presentes também os Acadêmicos Arléo Barbosa, Neide Silveira, Jabes Ribeiro, Pawlo Cidade, Neuza Nascimento, Leônidas Azevedo, Anarleide Menezes e Gerson dos Anjos, além de familiares, educadores ilheenses, e amigos do novo imortal.  

RAMAYANA VARGENS FOI ELEITO PARA CADEIRA N. 11 DA ALI, EM 25 DE OUTUBRO P.P. 


Eleito em 25 de outubro de 2017, Ramayana Vaz Vargens, logo seja empossado, passará a ocupar a cadeira n. 11 da ALI, anteriormente pertencente a Dorival de Freitas. O eleito é professor, jornalista, gestor, escritor e roteirista. Nasceu em 23 de Junho de 1944, na cidade do Rio de Janeiro, filho de Olímipio Balduíno da Costa Vargens e Deolinda Vaz Vargens. É neto de João Vargens, um dos fundadores de Camacan, um dos pioneiros de cacau na região. Fez o Ensino Médio e o Fundamental II na Escola Cruzeiro, no Rio de Janeiro. Começa a experimentar a escrita aos 13 anos e desde a juventude envolve-se em vários assuntos culturais, tendo participado do Centro de Cultura Popular da União Nacional dos Estudantes – um importante núcleo de formação da arte e cultura brasileira da década de 60 em diante. Depois entra no grupo de teatro Teatro Jovem, onde fizeram uma das primeiras montagem de Eugène Lonesco no Brasil e a primeira apresentação de Álbum de Família, de Nelson Rodrigues, antes proibido pela censura há 21 anos. Inicialmente ator, depois interessa-se pela direção, quando começa a escrever peças de teatro. Participou do concurso de peças teatrais do Estado do Rio de Janeiro em 1966 com a adaptação do livro A Revolta da Chibata, de Edmar Morel. Também no Teatro Jovem participou da criação da Feira de Música, que reunia no teatro cantores jovens, com participação de nomes como Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso e Gutemberg Guarabyra. 
Durante o período de pré-vestibular, ensinou matemática e geometria analítica em aulas particulares. Prestou vestibular para arquitetura na Universidade do Brasil, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro; mas, por ser militante de esquerda, teve dificuldade de reunir os documentos necessários (que sumiram, como, por exemplo, o processo de registro profissional como jornalista), tendo frequentado como ouvinte durante o primeiro ano. Em 1965, entrou para o Jornal do Brasil como repórter, ocupando posição de destaque na geração de redatores como Affonso Romano de Sant’anna e Hélio Pólvora e colaboradores como Carlos Drummond de Andrade e Clarice Lispector, tendo permanecido até 1969. Considera tal período a grande formação em termos literários e culturais; e, para admissão nesse trabalho, fez o curso de formação de repórter, promovido pelo Jornal do Brasil e coordenado por Fernando Gabeira. 
Colaborou para diversos suplementos literários do Rio de Janeiro, merecendo destaque a Tribuna da Imprensa, de Hélio Fernandes. Participou da antologia Cacos I, como contista, e Cacos II, como poeta. Líder do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário, é preso pela ditadura em 1972e permanece um ano encarcerado. Ao retomar a liberdade, o grupo de teatro Teatro Jovem havia sido desarticulado pelas investidas do governo, e alguns remanescentes montaram o Grêmio Dramático Brasileiro, ao qual se aproximou, trabalhando com Luiz Carlos Maciel e Aderbal Freire Filho.Volta a dar aulas particulares e também ao Jornal do Brasil, mas fica insatisfeito com o jornalismo pelas limitações impostas pelo regime sobre o conteúdo das matérias. 
Em seguida, trabalhou para a Editora Bloch, onde foi redator da revista Pais & Filhos. Colaborou, nessa época, para a Folha de São Paulo, a Revista Veja, o jornal O Globo. Participou fortemente da luta pela anistia e contribui para a edição de inúmeros jornais nanicos, até que fossem fechados pelo governo.A condição política do país continuou a causar-lhe desgosto, motivo porque largou todos os empregos e mudou-se para o Arraial do Cabo, reunião dos lagos do Rio de Janeiro, onde foi pescador durante quatro anos, quando também lecionou história na Escola Cardeal Arcoverde e formatou-se como professor regular. 
Pretendia mudar-se para a África, mas, no final de 1979, foi trabalhar como Gerente de Bem-Estar Social no SESC de Rio Branco, no Acre; após apresentar uma palestra no mesmo Estado sobre imprensa, comunicação e meio ambiente. Trabalhou no campo cultural e de lazer, montou peças teatrais e organizou apresentações musicais. Utilizou a posição para fortalecer a comunidade indígena e promover encontros, tendo conhecido e se aproximado de Chico Mendes. Diante dessa atuação, o SESC fez uma articulação para a sua saída do cargo, conduzindo-o ao cargo de Coordenador de Ação Cultural do Estado do Acre, que correspondia ao atual Secretário de Cultura. 
Em 1982, ocupando este último cargo, participou de uma reunião nacional do MEC em Brasília, quando defendeu que a pauta preestabelecida não atendia em nada aos interesses do Acre, e sim que seria importante dar voz aos diversos representantes para que pudessem expor os anseios e traçar um projeto nacional em termos de cultura. Daí em diante, todas as reuniões acataram a ideia. Foi relator da reunião que pela primeira vez exigiu a criação do Ministério da Cultura. Propôs a criação do Pacto Cultural da Amazônia e foi coordenador do projeto enquanto existiu. Conseguiu desenvolver o projeto Saber Comum com Governo Federal para diagnóstico cultural do Estado do Acre, visando conhecer a cultura popular sem pretender introduzir novos e externos padrões culturais. 
Quando o Secretário de Cultura do Estado de São Paulo era João Carlos Martins, promoveu a Feira de Cultura do Brasil, com amplo envolvimento de todos os Estados brasileiros. No Acre, também atuou como jornalista no jornal Rio Branco e no Folha do Acre; e, depois, na última fase, foi editor do jornal Gazeta do Acre. Ainda no Acre, saindo dos cargos antes descritos, teve uma empresa de comunicação social e trabalhou para o primeiro governo eleito do Estado, pois antes o Governo era indicado.Ajudou a construir as primeiras organizações pró Diretas Já no Estado do Acre. 
Voltou para o Rio de Janeiro, onde passou um ano na área de jornalismo e imprensa do CESP, inclusive no período da 8ª Conferência Nacional de Saúde, que concebeu a atual noção do Sistema Único de Saúde. Mudou-se para Ilhéus e Camacan em 1987, onde retomou o contato com as origens familiares e com a cultura do cacau. Participou ativamente perante os Governos Estadual e Federal após a disseminação da vassoura-de-bruxa para chamar à ordem sobre a crise que estava se instalando. 
Começou a dar aulas de redação no Colégio Vitória, em Ilhéuscom novos métodos de ensino, baseados na formação que teve no Jornal do Brasil. Em março de 1990, entrou para o Instituto Nossa Senhora da Piedade, na gestão da Irmã Georgina Costa, onde permaneceu até a aposentadoria. Na Piedade, montou a peça Cidadão Jesus, durante 4 anos;a peça Dores de Maria, durante 3 anos;a peça O Grito da Voz de Dentro, com fragmentos de diversas obras sobre a consciência; escreveu o roteiro de dois desfiles, um de uma escola de samba em 1992, De Colombo a Collor, com 1100 participantes, inclusive Chica de Cidra e Leto Nicolau, e o outro em agradecimento à comunidade pelo apoio à restauração da Piedade. Em 1992, festejou os 80 anos de Jorge Amado com a presença do autor em um grande evento na Piedade, juntamente com as escolas Ursulinas de Salvador e Ribeirão Preto, tendo na programação montagens sobre os 5 livros do autor que abordam Ilhéus e região. 
Em 1998, foi convidado por Renée Albagli para auxiliar a Universidade Estadual de Santa Cruz na programação dos 500 anos do Brasil e montar um espetáculo baseado no texto O Auto do Descobrimento, de Jorge de Souza Araújo. A partir desse espetáculo, fundou o Núcleo de Artes da UESC, responsável pela formação inicial de artistas que até hoje se apresentam em Ilhéus. Nesse Núcleo, implantou o sistema de teatro de modelagem que aprendeu com Martim Gonçalves, na Embaixada Francesa do Rio de Janeiro, desenvolveu também trilhas sonoras e peças, como O Auto da Compadecida e Terras do Sem Fim. Ainda no Núcleo, escreveu a peça Cururupe, sobre a batalha dos nadadores. 
No Colégio Instituto Nossa Senhora da Piedade, em Ilhéus, entre 2008 e 2015, criou e coordenou o Programa de Educação Global, que levava e recebia alunos em intercâmbio por escolas Ursulinas ao redor do mundo, alocando-os em famílias locais, além de apresentá-las a cultura das respectivas cidades e de contribuir para o aperfeiçoamento dos professores envolvidos. Em Ilhéus, dirigiu espetáculos em programações locais, tais como Prata da Casa e Projeto Seis e Meia, e em ambientes locais, como a Casa dos Artistas. Durante o período de residência na Bahia, escreveu três livros, ainda inéditos: Então Eu Grito, de poesia; “Museu meu, de poesia; Sustos sem suspiros, de contos. Compôs com Luciano Sanjuan Portela a música Ilhéus, que homenageia a cidade, gravada por Marcelo Ganem. (Na foto, ladeado pelas acadêmicas Jane Hilda Badaró e Anarleide Menezes, em evento cultural de Ilhéus. )  

ABERTO PERIODO ELETIVO PARA CADEIRA N. 15 DA ALI, COM CANDIDATURA ÚNICA DE FABRÍCIO BRANDÃO  


Encontra-se aberto o período de votação para a cadeira de n. 15 da ALI, anteriormente ocupada por Newton Pádua, com encerramento marcado para 29 de novembro próximo, às 17 horas. Fabrício Brandão é candidato único, por indicação dos membros presentes na reunião ordinária de 25 de outubro p.p., conforme ditames regimentais. Graduado em Comunicação Social pela UFES -Universidade Federal do Espírito Santo, Fabrício enveredou pelo ofício de editor cultural, editando a Revista Eletrônica de Literatura e Artes “Diversos Afins”, mensalmente,desde 2006, juntamente com Leila Andrade.Natural de Ilhéus- Bahia,”tem uma profunda e misteriosa relação com a palavra escrita, além de um amor táctil e espiritual pelos livros, fato que o desloca a lugares invisíveis com alguma freqüência”, conforme afirma. Produz textos literários ligados à poesia e prosa, bem como resenhas e ensaios sobre literatura, cinema, música, artes plásticas e fotografia. Atuou como parecerista ad hoc de texto original apresentado para publicação junto à Editus- Editora da Universidade Estadual de Santa Cruz. Amante da sétima arte, engajou-se em projetos de exibição de filmes, a exemplo do Cinema BR em Movimento. Alguns de seus versos estão dispersos pela coletânea Diálogos – Novo Panorama da Poesia Grapiúna (Ed. Via Litterarum/Editus – 2010 – 2ª edição). Na categoria conto, integrou a coletânea Traços Tortos (Contos & Crônicas), publicada em 2015 pela Editora Mondrongo. Morou em quase todas as regiões do país, e deduz que sua sina não respeita endereço fixo. Atualmente é mestrando em Letras: Linguagens e Representações pela UESC (Universidade Estadual de Santa Cruz), cuja linha de pesquisa reúne literatura e cultura. Membro do Conselho Municipal de Cultura de Ilhéus, representante da cadeira de literatura. 



Texto (e/ou org.): Jane Hilda Badaró /Secretária Geral da ALI – novembro 2017