NATHAN COUTINHO
Por Cyro de Mattos
Nathan Coutinho foi incluído na antologia Poesia Moderna da Região do Cacau, organizada pelo poeta Telmo Padilha, com dois poemas. Um deles transcrevo agora.
O Soneto de Agosto
Na sombria mudez de teus dias cinzentos
há soluços de inverno e angústias de sol posto.
És veneno e ilusão… E nos teus céus nevoentos
há o motivo maior de todo o meu desgosto.
Mês das horas mortais e dos minutos lentos,
mês de melancolia e de penumbra… Agosto!
Tu vens ressuscitar a dor dos meus tormentos,
pondo-me crepes na alma e lágrimas no rosto.
No lívido palor dos teus dias de calma
com o noturno da chuva a minha dor confortas
e ouço a alma de Chopin a chorar na tua alma…
Quando vens, mansamente, no Nada me convidas:
porque és o mês do tédio, o mês das folhas mortas
– ó mês sentimental das ânsias incontidas!
“O Soneto de Agosto” apresenta-se no formato fixo do próprio soneto, o conteúdo tem laivos simbolistas. Sem deslizes na ideia e nos versos, emerge da tristeza e revela as interioridades do poeta através das unidades rítmicas. Um soneto que tem a cor das sombras, da melancolia, como pedia a estética simbolista e que dá uma pequena mostra de quanto Nathan Coutinho era um poeta de qualidades, que sabia se expressar com inconfundível disponibilidade anímica. Ele é um dos patronos da Academia de Letras de Itabuna ( ALITA).
* Cyro de Mattos é membro da Academia de Letras de Ilhéus.
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