André Luiz Rosa Ribeiro nasceu no dia 14 de outubro de 1965 e nos deixou na manhã deste domingo, 7 de abril de 2024. Possuía Graduação em História (1998) e Pós-Graduação em História Regional (2001) pela Universidade Estadual de Santa Cruz; Mestrado (2003) e Doutorado em História Social pela Universidade Federal da Bahia (2008); Pós-Doutorado em História pela Universidade Federal da Bahia (2019). Professor Titular do Departamento de Filosofia e Ciências Humanas e membro do Programa de Pós Graduação em História do Atlântico e da Diáspora Africana da Universidade Estadual de Santa Cruz. Membro do Comitê Local de Iniciação Científica (CLIC-UESC).
Desenvolveu o Projeto de Pesquisa: "Olhares sobre a diáspora atlântica: memória, cultura e religiosidade afro-soteropolitana no audiovisual (décadas de 1990 e 2000)". Autor dos livros "Ilhéus: Tempo, Espaço e Cultura" (1999), "Família, poder e mito" (2001), "Memória e Identidade" (2005), "Morte e Gênero: estudos sobre a obra de Jorge Amado" (2012), "In Memoriam: urbanismo, literatura e morte (2018) e a Cartilha "Samba de Terreiro: memória e identidade afro-brasileira no litoral sul da Bahia" (2015); além de "Quintais do Tempo" (2012) e "Inventário do Caos (2019), na área da Literatura.
Membro da Academia de Letras de Ilhéus (ALI) e do Instituto Histórico e Geográfico de Ilhéus (IHGI). Elaborou artigos e organizou exposições sobre patrimônio cultural, memória, história urbana e culturas afro-brasileiras.
Dezenas de amigos e amigas homenagearam nosso confrade. Eis algumas dos nossos confrades e confreiras:
Confreira Jane Hilda:
"Quero retomar por um minuto o assunto do desencarnamento do confrade André Rosa para dizer que os momentos finais de sua despedida foram muito bonitos. E emocionantes. Nossos confrades Pawlo Cidade, Antonio Carlos Hygino e Ramayana Vargens, falaram sobre a importância da presença de André Rosa nos quadros da Academia de Letras de Ilhéus, de onde foi presidente e sempre grande entusiasta. Exaltaram o intelectual, poeta, escritor e pessoa humana de grande valor. Profa. Adélia, Profa. Janete Roriz e prof. Marcelo falaram em nome da UESC e do curso de História, respectivamente. Prof. Aurélio Macedo, ex-reitor da UESC também esteve presente. Anna Livia, emocionadíssima, agradeceu a oportunidade de ter convivido todos seus 33 anos com o irmão - que muito a inspirava - . Paulo Rosa, tambem irmão, seu silêncio retumbava em dor. o confrade e babalorixá Ruy Póvoas também falou em nome da ALI e, além, encantou com palavras e cantos de religião africana da sua nação; Mãe Ilza com seus filhos de Santo fizeram o ritual de despedida, colocando sobre ele colares, penas, e demais componentes da indumentária que usava no terreiro ( não sei relatar isso nas palavras do axé). Belos cantos ecoaram no salão...Foi realmente muito lindo! Confrades Luh Oliveira e Sebastião Maciel também estiveram a velar o corpo no dia do último adeus, além de Eliene Hygino e Maria, queridas colaboradoras da ALI. Que o nosso querido confrade siga em paz para uma das moradas do Pai Superior. 🙏🌹
Recebam todos meu abraço. Nos abraçemos! Nos confortemos! A despedida de André me fez lembrar a importância de valorizamos os encontros com as pessoas que admiramos e temos afeto...pois nesta vida nunca se sabe o que pode ocorrer no instante seguinte".
Confreira Neuzamaria Kerner:
Olho pra ontem
e vejo o ontem
me dando notícias do hoje.
Abro os olhos bem abertos
e vejo uma cadeira vazia
na sala da poesia.
André não está lá
em carne viva.
De repente
o susto materializa
uma rosa que diz:
A saudade não passará
Até a consumação de todos
e em todos os tempos.
Confrade Josevandro Nascimento:
Oh! André você nos deixou.
Quanta saudade, meu amigo
Lembra do que dizia, quando lhe
falava que você era o galã mais cobiçado?
Continuo rindo da sua resposta.
Lembrarei de você para sempre.
Confreira Baísa Nora:
Para André Rosa, com um pouco da sua poesia Sépia
André, Andante, Cantabile... e a sua vontade de ir embora, de perder vínculos conosco e criá- los com" pedras e algas". Ele quis ir com" mãos feridas e sujas de destino", cheio de " coragem e medo" porque "lugar algum o esperava". E tantos o esperaram, André, tantas pessoas e tantos lugares.
Você se dizia " duna e movediço". E era. Quem seria capaz de segurá- lo, amigo, se você " acatava todos os desapegos"?
" Vou- me embora: soluço e tempestade".
Será que foi assim, André, ou seu espírito livre o fazia escapar, não admitia amarras?
Nunca mais" soluço e tempestade". Chegou o tempo da calmaria, de estar sempre com seu sorriso meio tímido e meio sonso, com sua gentileza, este traço tão seu. Ela, a gentileza, abrirá todas as portas e todos os braços para o aconchego.
Você chegará ao som de atabaques, mas a música será um acalanto e a letra lhe dirá: dorme, menino grande, pois os que o precederam estarão perto de você e não sairão até que você entenda que fez a passagem, que deixou muita tristeza, muita saudade, mas deixou também uma vida que fez a diferença na história da nossa Região e as melhores lembranças nos seus muitos amigos.
Confrade Geraldo Lavigne:
São muitas as dimensões de André. E são muitas também as interseções de André em minha vida. Amigo fiel, alçado ao posto de irmão. Fomos, muitas vezes, atravessados por conversas confidentes. Companheiro de atos solenes a dias descontraídos, de celebrações a planejamentos culturais. André me ensinou com palavras, gestos e silêncios. André revestiu o mundo com suas expressões e cores poéticas, redefiniu importantes valores históricos de nossa região e, principalmente, ofereceu uma relação genuína a todos que com ele conviveram. André fez, faz e fará muita diferença. Até um dia, meu amigo. E como muitas homenagens que você fez, presto essa singela:
Avança um manto fúcsia
Na indevida tocaia do tempo
Derradeira tarde de amor
Recriada sobre o vulto a galope
É no amanhã íntegro o seu leito
Rosa dos ventos noturnos
Olhos de ouro e silêncios
Sustentam o seu dorso colossal
A envergadura de sua memória
— ACRÓSTICO PARA ANDRÉ ROSA —
Eis um poema do nosso eterno confrade André Rosa:
Vou-me embora para
lugar algum, minha amiga.
Sei apenas das pedras e das algas.
Meu choro de menino, minhas penas e meu sentido.
Vértices do ontem no agosto da vida.
Vou-me, minha amiga. De mãos feridas e sujas de destino.
Enquanto tenho coragem e medo.
Beijei as unhas esmaltadas do dia e pus-me em segredo.
Lugar nenhum me espera, minha amiga.
Como enredo em terceiro ato, sou duna e movediço.
Acato todos os desapegos, que trago em desafio.
No obséquio das curvas, funda-se o esteio do sol.
Findo-me com ele, amiga.
Nunca mais, seus olhos de turmalina, seus dentes em desespero.
Vou-me embora, minha amiga: soluço e tempestade.
-SÉPIA-