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terça-feira, 5 de novembro de 2024

EDITAL DE CONVOCAÇÃO DO PROCESSO ELEITORAL PARA A DIRETORIA 2025-202

EDITAL DE CONVOCAÇÃO DO

PROCESSO ELEITORAL PARA A DIRETORIA 2025-2027

  

 

A Academia de Letras de Ilhéus, presidida pelo Sr. João Paulo Couto Santos, eleito para o biênio 2023-2025, no uso de suas atribuições, 

  

RESOLVE:

  

Art. 1º — Publicar o Edital de Convocação do Processo Eleitoral para escolha da Diretoria para o biênio 2025-2027, com o seguinte calendário:


 

ETAPAS/PERÍODOS

 

Inscrição de chapas — 12 a 16 de novembro de 2024

Publicação da(s) chapa(s) inscrita(s) — 18 de novembro de 2024

Período da campanha — 19 a 22 de novembro de 2024

Eleições — 25 e 26 de novembro de 2024

Contagem dos votos — 27 de novembro de 2024


 

Art. 2º — A diretoria para a composição e apresentação da(s) chapa(s) deverá ser formada pelo Presidente, Vice-presidente, Secretário-Geral, 1º Secretário, 2º Secretário, 1º Tesoureiro e 2º Tesoureiro.

 

Art. 3º — As diretorias de Revista e Biblioteca são de livre indicação do Presidente eleito e poderão ou não compor a chapa a ser inscrita.

 

Art. 4º — Os votos poderão ser enviados para o e-mail oficial da Academia de Letras de Ilhéus, a saber: academiadeletrasdeilheus@gmail.com ou depositados diretamente na urna em cédula própria, disponibilizados pela secretaria.

 

Art. 5º — A contagem dos votos se dará através de Assembleia Ordinária, convocada especialmente para este fim.

 

Art. 6º — A posse da nova diretoria se dará em 14 de março de 2025.

 

 


 

João Paulo Couto Santos

Presidente

 

 






segunda-feira, 4 de novembro de 2024

RENÉE ALBAGLI NOGUEIRA, REITORA DA UESC (1996-2004), É ELEITA PARA A CADEIRA Nº 32



A professora Renée Albagli Nogueira acaba de ser eleita para a cadeira nº 32, cujo ocupante anterior foi o professor Soane Nazaré de Andrade. Renée Albagli Nogueira é graduada em Biologia pela Universidade Santa Úrsula, no Rio de Janeiro, com especialização na Universidade Católica de Minas Gerais e em Genética, na Unicamp. Fez especialização também em Gestão Universitária, na Universidade Estadual do Ceará, Mestrado em Gestão Universitária, na Universidade Estácio de Sá. A última etapa deste mestrado foi concluída na St. Paul University, em Chicago (EUA) e Doutorado em Educação concluido em 2010. 

Na FESPI (Federação das Escolas Superiores de Ilhéus e Itabuna), foi diretora acadêmica, diretora de graduação e extensão. Na UESC, foi pró-reitora de graduação e vice-reitora, e eleita reitora em 1996, tendo permanecido no cargo até janeiro de 2004, quando terminou seu segundo mandato. Foi membro e presidente do Conselho Estadual de Educação (CEE).

Bem-vinda, querida Renée Albagli.

segunda-feira, 28 de outubro de 2024

ENCONTRO EM ILHÉUS DISCUTE POETRIX COMO PROPOSTA POÉTICA PARA O NOVO MILÊNIO


Academia de Letras da Bahia (ALB) realiza, em parceria com a  Academia de Letras de Ilhéus (ALI) e a Rede de Integração Cooperativa das Academias de Letras da Bahia (RICA), a mesa ‘As formas fixas da poesia: Poetrix, uma proposta poética para o novo milênio’. 

Será no dia 30 de outubro (quarta-feira), às 19h, na Academia de Letras de Ilhéus, localizada na R. Antônio Lavigne de Lemos, 39, Centro.  

O evento vai contar com a participação dos escritores Aleilton Fonseca, Cadeira 20 da ALB; Goulart Gomes, da  Academia Internacional Poetrix (AIP); sob a coordenação do também escritor Pawlo Cidade (ALI).  

Criador do Poetrix, Goulart Gomes apresentará  os conceitos, origens  e desenvolvimento deste subgênero literário, que completa 25 anos de criação. Abordará,  também,  os conceitos teóricos, as suas múltiplas formas e as aplicações do poetrix no âmbito educacional.

O evento é gratuito e aberto a todas e todos.


PARTICIPE! 


Conheça mais sobre os participantes: 

Goulart Gomes é escritor, mestre em Museologia, pós-graduado em Literatura Brasileira e em Comunicação Integrada, graduado em História e em Administração de Empresas. Escreve poesia há 40 anos, já tendo publicado 12 livros, obtido 70 premiações em concursos literários e participado de mais de 60 coletâneas e revistas, em diversos países. Criou a linguagem poética Poetrix, em 1999,  que conta com centenas de praticantes.

Aleilton Fonseca é escritor e ensaísta, já publicou cerca de 30 livros, entre conto, romance, poesia e ensaio. Doutor em Letras pela USP, é professor de literatura da UEFS, em Feira de Santana, Bahia. Publicou em diversas revistas brasileiras e estrangeiras. Tem trabalhos traduzidos para francês, espanhol, inglês, italiano, neerlandês e alemão. Sua publicação mais recente é o livro ‘Vozes do nosso tempo’, escrito com o também Acadêmico Carlos Ribeiro. Além da Academia de Letras da Bahia, pertence à Academia de Letras de Itabuna e à Academia de Letras de Ilhéus.

Pawlo Cidade é escritor, dramaturgo, diretor de teatro, articulista, pedagogo, gestor cultural, educador ambiental, especialista em gestão e projetos culturais pela FGV—RJ. Foi presidente do Fórum de Agentes e Gestores Culturais do Litoral Sul da Bahia (2011-2013); membro do Conselho Estadual de Cultura da Bahia (2014-2017); Secretário de Cultura do Município de Ilhéus (2018-2019); Diretor das Artes da Fundação Cultural do Estado da Bahia (2020-2021). Tem 24 livros publicados. É presidente da Academia de Letras de Ilhéus (2021-2025).

A Academia de Letras da Bahia tem apoio financeiro do Governo da Bahia, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda e Secretaria de Cultura da Bahia.

terça-feira, 15 de outubro de 2024

SESSÃO DA SAUDADE DE ANDRÉ ROSA: MEMORÁVEL

 TU ÉS ANDRÉ



André Rosa com Mãe Ilza Mukalê


         Noite memorável, a de hoje, neste 14 de outubro de 2024. A Academia de Letras de Ilhéus fez acontecer a Sessão da Saudade, uma homenagem a André Luiz Rosa Ribeiro. Professor, pesquisador, historiador e poeta, André foi reverenciado em falas profundamente marcadas por diversas pessoas que ocuparam a tribuna.

A primeira fala foi a do Presidente Pawlo Cidade que percorreu o perfil intelectual de André. Vários foram os enfoques em sua obra sobre temas da História de nossa Região. Pawlo recitou diversos poemas da autoria de André, transbordantes de lirismo.

Em seguida, Ana Lívia, irmã de André, deixou transbordar toda a emoção oriunda de seu reconhecimento e saudade. Professor Ramayana Vargens proporcionou uma fala ímpar, abordando virtudes de André, trazendo à tona seu profundo apreço pelo homenageado. Disse de uma saudade alegre por ter tido oportunidade de conviver com uma pessoa tão maravilhosa. Foi seguido por Márcia Valéria que fez valer profunda reflexão filosófica sobre a trajetória do homenageado. Janete Macedo traçou o percurso de André, desde a chegada dele à UESC, até se tornar o pesquisador que veio a ser. Por sua vez, Higyno se fez porta-voz do preito de gratidão que resumiu o imenso reconhecimento dos acadêmicos. Enquanto isso, Adélia Pinheiro tratou de seu conhecimento pessoal com André, num depoimento digno de nota.



Confrades e confreiras. Da E. para a D.: Pawlo Cidade, Antônio Hygino, Fabrício Brandão, Anarleide Menezes, Baísa Nora, Luh Oliveira, Ramayana Vargens, Ruy Póvoas, Tica Simões e Maria Schaun.

         E ouvindo todas as falas, lembrei-me de algumas passagens dos Evangelhos, que não citarei letra por letra e sim, da lição que me ficou. Numa das muitas conversas que Jesus Cristo manteve com seus discípulos, Jesus quis saber o que eles pensavam sobre Ele. Foi justamente Pedro, que não era o mais amado e depois negou Jesus por três vezes consecutivas, que sentenciou: “Tu és o filho do Deus vivo.” Tal resposta provocou Jesus que exarou uma sentença, sustentáculo da Igreja Católica até hoje: “Tu és Pedro. E sobre esta pedra, edificarei a minha igreja.” Tais lembranças me levaram a cogitar sobre a pedra fundamental que, nos tempos idos, os edificadores punham no fundo da terra, marcando o início da nova construção.

    Isso também acontece conosco, os humanos. Cada um de nós constrói sua personalidade a partir e em cima de uma pedra fundamental. Pensando, sentindo e refletindo sobre tudo que eu estava ouvindo sobre André, de repente, me dei conta, que faltava uma abordagem sobre a pedra fundamental, sobre a qual André erigiu todo o percurso de sua trajetória na existência. Acontece, porém, que as pedras fundamentais de uma construção civil ficam soterradas, no fundo de uma alvenaria, e nunca mais são lembradas nem referidas, quando a edificação fica pronta. Assim é também com as pedras fundamentais que sustentam as edificações de nós mesmos. Escondidas sob o solo que sustenta o edifício de nossas escolhas, de nossos percursos, de nossas realizações.



Pawlo Cidade fez o discurso de saudação 

       Outra coisa a considerar que a história de vida de cada um de nós se divide em capítulos vários e diferentes. Alguns deles são conhecidos pela maioria de nossos contemporâneos. Outros, por parentes, colegas e parceiros mais achegados. Outros mais, por pouquíssimas pessoas íntimas e de nossa confiança. E ainda há aqueles capítulos que somente a própria pessoa conhece.

Então, havemos de perguntar: que capítulos da vida de André estão para além do conhecimento da Universidade, da Academia, da maioria de seus contemporâneos. Esse é o espaço em que apenas seus amigos mais íntimos puderam tomar conhecimento.

         Cumpre então outra pergunta: qual foi a pedra fundamental sobre a qual André construiu o edifício de sua vida? Para que a resposta seja verdadeira, é necessário percorrer outros caminhos trilhados por André para além da Universidade e da Academia. Só assim chegaremos a um terreiro de candomblé, pois foi justamente numa comunidade de religião de matriz africana que André encontrou o material suficiente e adequando para com ele, numa ação alquímica, compor a pedra fundamental de sua trajetória.


 
Anna Lïvia, irmã de André Rosa

        Foi justamente no Terreiro Tombenci, localizado no alto da Conquista, em Ilhéus, onde André chegou até seus iguais na crença e na fé dos Inkices e Orixás. Sob a orientação, proteção e amparo de Mãe Ilza Mukalê, a matriarca, dirigente daquele terreiro, André encontrou motivação para se tornar o que ele veio à existência para ser.

E quem é Mãe Ilza Mukalê? A nengua de angola daquele terreiro, mãe da resistência. Sem a pedra fundamental que o terreiro lhe ofertou, pelas santas mãos de Mãe Ilza, bem provável que nem a Universidade nem a Academia ganhariam o professor, o pesquisador e o poeta em que André se construiu. Certamente o chão lhe fugiria dos pés, as paredes ruiriam, a edificação viria abaixo, pois realmente, para a pessoa que André foi, era necessário que sua pedra fundamental se sustentasse no axé da ancestralidade, na vivência junto a seus iguais num terreiro de candomblé. Não se trata apenas de uma questão de crença, de fé, de religião. Trata-se de ser ou não ser.


Cabeça Isidoro cantando fez uma canção 
especialmente para o amigo André Rosa.

         Foi sob a tutela de Mãe Ilza Mukalê que André evoluiu na hierarquia do terreiro e chegou a um dos postos mais altos daquele terreiro. Foi sob a tutuela de Mãe Ilza que André se aceitou na sua complexidade de pessoa de axé. Foi sob a tutela Mãe Ilza que André se harmonizou com seu destino. Tudo o mais que ele construiu ou conseguiu fazer veio a reboque do axé. Servindo a MatambaZumbarandá e Zaze, André se tornou o que ele veio para ser. E disso apenas os terreiros de candomblé podem dar conta, pois nenhum conhecimento construído pela humana gente, por si só pode abarcar toda a complexidade que perfaz a nós, os humanos.

         



Vídeo-homenagem ao confrade André Rosa, exibido na Sessão


    Irmão de fé e caminhada nas trilhas de terreiro, conhecedor do percurso realizado por André, aqui deixo meu sincero depoimento sobre nossas vivências, para além dos caminhos que também fizemos com os letrados. Ele, um Tata ti Inkice. Eu, um Babalorixá. Ambos, filhos de santo, gente de terreiro. Também professores, pesquisadores, poetas, com vários livros publicados. Oxalá seja louvado e André continue iluminado.

 


Texto de Ruy Póvoas

Babalorixá, Professor, Poeta e Prosador

Membro da Academia de Letras de Ilhéus

Titular da Cadeira 18 

sexta-feira, 27 de setembro de 2024

ASSEMBLEIA EXTRAORDINÁRIA

 


Portaria 013/2024 de 27 de setembro de 2024.

 

 

Dispõe sobre convocação de assembleia extraordinária.

 

 

A Academia de Letras de Ilhéus, presidida pelo Sr. João Paulo Couto Santos, eleito para o biênio 2023-2025, no uso de suas atribuições,

 

RESOLVE:

 

Art. 1º — Convocar todos os seus membros para Assembleia Geral Extraordinária a realizar-se em 01 de outubro de 2024 (terça-feira), de forma REMOTA, às 19h, em primeira chamada; às 19h15, em segunda chamada.

 

Art. 2º — As decisões a serem tomadas serão validadas com o número de acadêmicos presentes.

 

Art. 3º — Ficam estabelecidos os seguintes pontos de pauta:

 

1.    Homologação do(s) candidato(s) à cadeira de nº 32;

2.    O que ocorrer.

 

Art. 4º — O link para reunião será fornecido até 30 minutos antes do início da assembleia.

 

Art. 5º — Esta Portaria entra em vigor a partir da data de sua publicação.

 

 

 

João Paulo Couto Santos

Presidente

 

quinta-feira, 26 de setembro de 2024

ALESSANDRO FERNANDES SANTANA É ELEITO PARA A CADEIRA Nª 9

Reitor da UESC, Alessandro Fernandes

Alessandro Fernandes Santana, professor do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC. Graduado em Economia e em Administração pela Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC, Especialista em Economia de Empresas pela Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC, Mestre em Cultura & Turismo pela Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC e Universidade Federal da Bahia - UFBA e Doutor em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - UFRRJ . 

Foi reeleito para o cargo de Reitor da Universidade Estadual de Santa Cruz e irá ocupar a cadeira nº 9, cujo efetivo anterior foi o confrade Luiz Pedreira Fernandes. Bernardino José de Souza é o patrono da cadeira e Adonias Filho o fundador.

Professor pleno do departamento de ciências econômicas, presidente do conselho de administração do centro de pesquisas - CEPEDI, membro da associação brasileira de reitores das universidades estaduais e municipais - ABRUEM, coordenador do programa de apoio gerencial e institucional dos municípios da região sul da Bahia, membro da Academia de Letras de Itabuna, membro benemérito da Academia Grapiúna de Letras e Artes.

Já ocupou outros cargos de destaque como Pró-reitor de extensão universitária da UESC, presidente do Fórum de Reitores das Universidades Estaduais da Bahia, Coordenador do Curso de Ciências Econômicas da UESC, professor da UNIME, professor da FTC, Secretário Municipal de Educação e Cultura de Arataca - BA. É detentor do título de cidadão ilheense, comendador do Município de Ilhéus.


sexta-feira, 20 de setembro de 2024

NOSSA BIBLIOTECA


A câmara de vereadores de Itabuna ocupa quase 
todo o prédio da Biblioteca Pública Plínio de Almeida


A Câmara de Vereadores engole a cada ano mais um espaço da Biblioteca Municipal Plínio de Almeida. Não devia fazer isso. Essa pobre casa de livros, desassistida há anos pelo poder público, tem um acervo desatualizado, sem condições ideais para fomentar a leitura como pede uma cidade do porte cultural de Itabuna. Os que lá atuam como serventuários do órgão nada têm a ver com essa situação lamentável. Não recebem o apoio necessário para o eficiente desempenho da função, nem sequer são reciclados em cursos pertinentes ao setor para que melhor sirvam numa casa dessa natureza aos que procuram conhecer a vida através dos livros. Certamente para isso lá não estão. 

Melhor deixá-los precários na função do expediente repetitivo, subalternos ao descaso do poder público do que fazê-los ativos, inquietos com as falhas na engrenagem. Se um dia quisessem virar a chave, não se atrevessem nessa iniciativa temerária. No grau de revoltados impotentes poderiam ser recompensados com o despejo do emprego.

Uma cidade com cerca de 250 mil habitantes, uma rede de ensino abrangente, em nível superior e secundário, com duas universidades, faculdades, escolas públicas e particulares, ser tão frágil, de causar pena, quando o assunto é a Biblioteca Municipal Plínio de Almeida. Uma lástima na sua prestação de serviços. Até quando os políticos, a Secretaria de Educação e a Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania vão tomar consciência de que são agentes institucionais do fomento ao saber e à cultura? Sempre omissos ante um problema grave dessa natureza, como se nada de mais estivesse acontecendo com a nossa biblioteca municipal. Espaço que não é nem lazer nem fonte eficiente do saber. 

Podem me chamar de sonhador do que vou dizer adiante, sinto-me confortado com o elogio. Lembro que os sonhadores do bem são necessários em qualquer dimensão da vida. Itabuna devia ter uma biblioteca com o acervo constituído de um livro para cada habitante. Para que assim fosse dona desse espaço fértil, saudável, onde pudesse doar-se às suas gentes com a mão cheia de livros, fazendo-se de fato útil ao pensamento e sentimento da criatura humana na dura lei da vida. E assim desse seu contributo para se aprender a andar melhor na existência, conhecer o que presta e o que não presta, principalmente em tempo de eleição, na hora da escolha de seus representantes, daqueles que soubessem de verdade reger seu destino político com competência e ética nos dias do ano, como deve ser. 

Vejo assim a sugestão dada como o caminho plausível para tirar nossas gentes dos caminhos obscuros da vida, na boa leitura respirando o ar sadio pelas ruas do mundo e do saber. Através da conversa com os livros, tornando nossa biblioteca espaço de convivência atuante, pródiga parceira no comportamento de rica troca de significados. 

Pobre cidade nossa, deveria ter uma biblioteca funcionando com oficinas, lançamento de livros, teatrinho com meninos e jovens, bom não esquecer os idosos, pois os velhos são gente boa, muito têm a nos dizer. Assim fosse dotada de uma plataforma que valorizasse os autores da terra, com palestras, encontros, seminários, saraus e recitais. Usasse o diálogo saudável com os estudantes. Não permanecesse como algo de pouco proveito, nessa maneira abominável que empobrece a vida, não sendo jamais a ideal para nos retirar da parte obscura do ser e do estar na existência. 

Itabuna de um rio enfermo, como esgoto a céu aberto, que hoje chora água, um dia foi chamado pai dos pobres. Cidade que respira os ares tristes pelo desfalque contínuo do patrimônio histórico tecido de beleza antiga. E que vem sendo dilapidado pelo descaso dos que cumprem preservá-lo como um tesouro inestimável, conquistado com engenho e arte, labor e esforço ao longo dos anos. 

Itabuna, que tem um povo vocacionado para o progresso, querendo fazer a vida com alma, força e conhecimento. Minha cidade querida, usina de tantos valores humanos no ciclo das estações, ó quão dessemelhante!


Cyro de Mattos
Membro da cadeira nº 16
Academia de Letras de Ilhéus

sexta-feira, 16 de agosto de 2024

PROJETO MOTOBOYS DO BRASIL SERÁ APRESENTADO NA ACADEMIA DE LETRAS DE ILHÉUS



Motoboys do Brasil” celebra os heróis anônimos das ruas brasileiras




Projeto revela história de vida de motociclistas brasileiros em livro, 

exposição fotográfica e documentário


Bahia, agosto de 2024 – Na sociedade da mobilidade e da velocidade, eles se tornaram protagonistas. Há tempos marginalizados, nos últimos anos, escreveram sua jornada de heróis. Estamos falando dos motoboys brasileiros, personagens que terão suas histórias de vida contadas em um projeto multilinguagem com livro, documentário e exposição itinerante. 

Intitulada “Motoboys do Brasil”, a iniciativa é uma realização da produtora Barro de Chão com patrocínio da Lubrificantes Mobil™, viabilizado pela Lei de Incentivo à Cultura. Depois do lançamento em São Paulo, o projeto segue para lançamento em Ilheús, Bahia, de 28 a 30 de agosto. 

O livro “Motoboys do Brasil” oferece uma perspectiva atual da profissão e inclui relatos pessoais e culturais de motoboys por todo o país. Relatos como o de Iago da Paixão, de Ilhéus, que viu na crise da pandemia uma oportunidade. “Na pandemia de covid-19, estava desempregado, estavam precisando de entregador porque o pessoal não podia sair de casa, e então eu fui.” Com força, fé e coragem, de um bico temporário, transformou a rotina sob duas rodas como seu principal meio de sustento. “Para mim, ser motoboy é ter liberdade. É uma ação do dia a dia, sempre trabalhar, fazendo o bem, ajudando o próximo e, assim, a gente chega lá na frente”, declara Iago.

O material coletado é parte de uma exposição itinerante e uma plataforma digital acessível gratuitamente no canal do projeto no YouTube. De acordo com Mauro Rossi, CEO da Barro de Chão, “Motoboys do Brasil” cumpre a missão de reconhecer e valorizar a vida desse segmento social, cultural e profissional essencial para a sociedade brasileira. 




Agenda de lançamento em Ilhéus - Berço da cultura cacaueira no Brasil, o Sul da Bahia também é a terra dos motoboys. Na região, os profissionais estão presentes na cena da mobilidade urbana, mas também nos cenários rurais, espaços que compreendem a dinâmica da sociedade local. Segundo o produtor executivo Mauro Rossi, é justamente a rotina desta região, que se divide entre os caminhos da cidade e das estradas, que norteou a escolha do local para abrigar o lançamento do livro, exposição e documentário Motoboys do Brasil. 

“Além de exaltar este profissional tão essencial para a sociedade, queremos abrir espaço para colocar em pauta questões que vão além da cultura local, como a mobilidade urbana na região, algo que pode agregar ainda mais todo o potencial turístico da cidade”, conclui Mauro Rossi, CEO da Barro de Chão.

O projeto “Motoboys do Brasil” será lançado no dia 28 de agosto, às 15h30, na Câmara Municipal, onde a equipe e os motoboys da cidade que participaram do projeto receberão uma homenagem solene na casa. Às 18h30, será lançada a exposição fotográfica no Teatro de Ilhéus. No dia 29/08, às 18h30, a Academia de Letras de Ilhéus recebe a equipe do projeto para uma mesa redonda de lançamento do livro, em parceria com a comissão Henrique Simões Para os 500 Anos de Ilhéus. No fechamento da programação, dia 30/08, às 14h30, acontece a exibição do documentário “Motoboys do Brasil” na Sala Jorge Amado, da UESC.

A mesa redonda na Academia de Letras será presidida pelo jornalista e membro da Comissão, Ramayana Vargens, e visa abrir espaço para o diálogo sobre as demandas locais, tendo como foco a mobilidade urbana. “A comissão é voltada para preparar a comunidade, do ponto de vista de trazer, especialmente para o público escolar, as informações necessárias para que a nossa sociedade conheça bem a nossa história, a nossa trajetória de cinco séculos, o que significa isso no seio de uma comunidade. Receber este projeto na Academia é uma forma de estimular o debate sobre a preparação de Ilhéus para os 500 anos em 2034 e reforçar o papel da Comissão Henrique Simões neste processo”, afirma o jornalista Ramayna Vargens. 

A Comissão Henrique Simões para os 500 Anos de Ilhéus tem o propósito de pensar e contribuir para o planejamento e edificação de uma Ilhéus plural, democrática, inclusiva e mais justa para com seu povo, tendo 2034 como a culminância de uma etapa importante do processo histórico das suas origens.




SERVIÇO:

Lançamento do Projeto “Motoboys do Brasil” - Livro, Exposição Fotográfica e Documentário.Produzido pela Barro de Chão viabilizado com o apoio do Ministério da Cultura, por meio da Lei de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), e patrocínio dos Lubrificantes Mobil™.

Para mais informações, visite: Canal do Projeto Motoboys do Brasil no YouTube

DATAS:

Sessão solene de homenagem ao projeto Motoboys do Brasil

28/08/24 , às 15h30

Local: Câmara Municipal de Ilhéus

Lançamento da Exposição Motoboys do Brasil

28/08/24, às 18h30

Local: Teatro Municipal de Ilhéus

Lançamento do livro “Motoboys do Brasil”

29/08/24, às 18h30

Local: Academia de Letras

Exibição do documentário

30/08/24, às 14h30

Local: Sala Jorge Amado, UESC.


EQUIPE TÉCNICA:

Idealização e realização: Barro de Chão Editora e Produções Ltda.

Direção geral e produção executiva: Mauro Rossi, Mirelle Hampel

Patrocínio: Lubrificantes MobilTM

Pesquisa: Victor Melo, Leonardo Vinhas, Zozi Mendes, Celene Sousa, Lucas Hampel Meireles, Julian Alhadef, Mauro Rossi, Mirelle Hampel

Texto: Victor Melo, Leonardo Vinhas, Livia Santana, Mauro Rossi, Mirelle Hampel

Tradução: Sabrina Gledhill

Revisão de texto: Patrícia Calazans

Direção de arte: Mauro Rossi

Projeto gráfico: Zozi Mendes

Fotografias: Julian Alhadef, Aramaca, Mauro Rossi, Zozi Mendes

Ilustração: Nik Neves

Curadoria: Mauro Rossi

Projeto editorial: Barro de Chão

Audiovisual: Julian Alhadef

Web design: Lucas Hampel Meireles

Trilha sonora: Ed Staudinger

Tratamento de imagens: Culturando

Relações internacionais: Monique Rossi, Mauro Rossi, Mirelle Hampel

Assessoria para lei de incentivos: Luli Hunt

Prestação de contas: Cidadania Corporativa Arte e Cultura

Produtora assistente: Ivete Gomes

Assessoria contábil: Jotacont Contabilidade



INFORMAÇÕES À IMPRENSA

Mauro Rossi: (11) 94210-9001

(Curador e Diretor Executivo)

Lívia Santana: (71) 99138-3883

(Jornalista e assessora de imprensa)



terça-feira, 13 de agosto de 2024

ARTIGO


Cyro de Mattos, cadeira nº 16, fala sobre nosso confrade Carlos Roberto Santos Araújo, membro da cadeira nº 26 neste belo artigo sobre sua poesia





Poeta no Rio das Solidões

Cyro de Mattos 


Nascido em Ibirapitanga, município da região cacaueira baiana, em 1952, Carlos Roberto Santos Araújo muda-se para São Paulo com a família aos treze anos de idade. Ainda jovem conquista o Prêmio de Poesia Estímulo-1970, promovido pelo Governo do Estado de São Paulo, com o livro Lira dos dezoito anos. Diploma-se em Direito pela tradicional Faculdade de Direito da Universidade Federal de São Paulo. Exerce a advocacia durante cinco anos em São Paulo e na Bahia. Torna-se Juiz de Direito e atualmente é desembargador do Tribunal de Justiça da Bahia. É também membro da Academia de Letras de Ilhéus. 

Publicou: A nave submersa (1986), Lira destemperada (2004), Sonetos da luz matinal (2008) e Viola ferida (2010), livros integrantes do volume Poemas reunidos (2012). O ofício de ser poeta atrai Carlos Roberto Santos de Araújo na   adolescência. Na sua estreia com A nave submersa, abraçado às vagas do sonho, através do sentimento apurado e pensamento arguto, aceita o desafio de propor um discurso de encantação e revelação no tempo fugaz de instantes feitos de chuvas, ausências que consomem os dias sem trégua. Versos vibrantes ousam decifrar o sentido íntimo das águas. Submerso na nave do sonho, segue na travessia incomum, na qual existem precipícios, demônios que apunhalam solidões com o beijo da morte. Não recua na vontade de querer decifrar o código do viver, descobrir o que se oculta por entre seres e coisas, nos recônditos dos dias, de provar o tom elegíaco aceso na saudade. No jogo dos valores universais.  

Poeta do mergulho na realidade difícil do existir, perturba a verdade de seu canto, vazado na paisagem que convive com a solidão, saudade, lágrima, morte. O vazio em que está perdido é vida para esse poeta, reflete-se no entendimento de uma vocação legítima. E, no compromisso de que precisa ser asa plena para atravessar abismos, assume a carga do relacionamento feito à margem da vida, doce fruta, plataforma lançada sobre o tempo, com a sua face complexa, severa e absurda.  Nessa nave interior é que se submete às realidades imaginadas que nos surpreendem, de construções pródigas do eu que se aprofunda diante dos contrários. Constata no ato difícil de ser essas águas dissipadas nas ressonâncias agudas.  Depara-se nas paredes do ser em clima de vertigem, de perguntas sem resposta, de sensações insólitas onde o sol levanta-se para ser tragado pela noite. Se precária a vida, comporta o mundo incrementado de silêncios, do amor gravado na verdade pura de uma pedra, logrando extrair a sua imagem neutra, fixada no rio que é sua imagem.  

Nos poemas em torno da morte do pai, na série de belos sonetos decorrentes de um espiritual humanismo integral, nos versos do poema longo ou curto, que incide nas reflexões sobre a existência, o poeta canta em si os dizeres cúmplices da vida e súplices da morte. Percute perplexidades e insônias. Submerso em sua nave do sonho, embora nela interfiram vestígios simbolistas, confirma segurança no artesanato, que o conduz com brilho no manejo de uma rota sem equívocos. Um ritmo semântico de que é possuidor    é o seu movimento quando conduz “um pouco de sangue nas palavras.” Em constante canção ferida de notas tristes ocupa-se o seu enunciado, faz-se pungente nos pulsos do poeta lúcido, do combatente da noite, sem hesitações quando a enfrenta vestido dos fios sem fim da aurora.  

Poeta com sede de mel que escorre da existência, resgata a memória no verso vazado de ardor no sentimento, do sonho a imagem feita de cega lágrima da luz, da vida ida, mas vivida com as palavras emprestadas à fantasia.  Nela se torna um mergulhador de águas revoltas e esquecidas. No discurso consistente, seus fachos de luz acendem o sangue lírico da existência capaz de revelar a dialética do eu pulsando os impasses no outro, na alma inquieta em seus momentos de transe, mas que não se agarra ao desespero dos dias. No verso ferido com as perdas que rolam nos precipícios mostra que se não fosse o sonho não teria como tirá-las do tempo fugaz enquanto dura a eternidade. Sonho e memória pelos campos de silêncio, sentimento e pensamento formando uma unidade harmoniosa, que se expressa como notas feridas do amor para dizer de descobertas nos momentos tormentosos propostos em segredo pela vida.  

E porque sabe o peso das palavras, o milagre que opera o poema quando ilumina o ser, já se faz presente no que foi como homem do campo, renascendo da memória lírica entranhada no peito, que se derrama no encontro de abril das mais belas avencas.  Homenageia no enunciado do sol oculto o cavalo sem o orgulho da paisagem, sem a companhia da chuva e do vento,  sem tremores e relinchos, solitário, tornado comida de rapinas,  não mais flor quadrúpede por entre relâmpagos e penhascos. Captura a mentira que se enreda nas feridas que possuem os dias, nos caminhos mortos pelo tempo, provados nas notas ardentes de seus ruídos, para que a vida não seja em vão, embora passe para sempre, mas esteja cheia de sonhos.  

Esse canto genuíno, sem maquiagem da poesia alheia, nasce das veias excitadas de ardor no tempo fugitivo, em conexão com a memória e o sonho, nutrido de emoções e impulsos que resgatam delitos, expressos na passagem da vida com a lucidez do que se perde. E, principalmente, do que como ternura e tristeza fazem parte de uma cena que não volta através da vivência do poeta. De lastros clássicos, formas antigas, mostra uma predileção pela métrica e a rima. Sentimento e pensamento unem-se como unidade plasmada na imagem possuída de realidade e dinamismo inventivo. Símbolos e metáforas alcançam com equilíbrio criaturas e coisas, figuras que se acendem na memória através de lembranças, retiradas de paisagem passada para que sejam vistas no presente   em que pulsam a lucidez e a embriaguez que o imaginário propicia como exercício fecundo da vida recriada. O que a vida esconde com suas vozes mudas, o poeta com habilidade e talento desnuda, sabe da verdade como parte da vertigem do próprio vazio. Isso como iluminação do ser no universo cercado do mistério, do que se oculta perante a existência, feita de contingência e finitude. É o que se vê com sobras nas canções, sonetos, sextinas e até nos poemas modernos de verso livre. 

Amante da nudez e transparência, para Carlos Roberto Santos Araújo a poesia armada de signos funciona como captura de nuvens e ausências. Veste-se de pássaro   para tocar com seus voos de luz uma verdade maior:  a vida como fundamento, poetizada como objeto recriado e acrescido de novos sentidos. É disso que resulta um cântico elucidativo do mistério da vida e da morte sob muitos matizes. Na entonação do discurso, que se aperfeiçoa na maturidade com a face achada da infância, ressoa uma música acumulada de adolescência na leitura do amor.

Em “O enterro da borboleta”, revela-se um prodígio de sutilezas líricas, de toque delicado, que sugere a foto da beleza sublimada com a fineza da palavra sensível, que ilude e cativa.  No entanto é no soneto que se reinventa prodigioso nas artes singulares de seu estro. A feitura amadurecida do poema reveste-se de fulgores e sonhos, sereias que atraem nas águas da ilusão, para que momentos banhados de ternura sejam absorvidos no sentimento do ser-estar, devagar. Nessa condição, o verso seja capaz de transmitir o bem  em tudo que se dobra com o vazio.  Como ele alude no soneto antológico “No campo de sonhar”.  


No campo de sonhar onde me atrito

Com as arestas inúteis do precário,

De súbito apodrece o lado estrito

Do mundo traiçoeiro, necessário


E propício como flor, e assim me agito

À procura de alçar meu canto vário,

Feito mais de silêncio que de grito,

Que o silêncio é a voz do solitário


Poeta, em tempo de mudez, maldito,

Vivendo a vida pelo seu contrário,

Entre rito e gemido involuntário,


Quando a sílaba translúcida, irrestrito

Cântico de amor, cintila no estuário

Do rio de solidões, que necessito.


São poucos os poetas que ousam compor uma coroa de sonetos no intuito de encher de sonhos o mundo.  Trata-se de uma composição em verso formada por um conjunto de quinze interligados pelo tema, que, por sua vez, reparte-se em subtemas de idêntico teor.  Repete-se o último verso no primeiro do soneto seguinte. O primeiro verso do décimo quinto se faz o mesmo que foi usado no último do primeiro soneto. O último verso do décimo quarto é repetido no último do décimo quinto soneto. 

Carlos Roberto Santos Araújo motivou-se a compor sua coroa de sonetos, que fecha o volume Poemas reunidos, com o verso “À casa de meu pai retorno em sonho”, de Hélio Pólvora, contista consagrado, nascido em Itabuna, e poeta bissexto.  

É preciso ler devagar para apreciar com serenidade a beleza que se espraia nesta coroa de sonetos. Sorver o mundo que o poeta foi desentranhar na infância, nas figuras do pai e da mãe, enfim, na casa erguida pela vida, perdida, cantada com amor pela voz do cantor vigoroso, amadurecido mergulhador no rio de solidões.    


Leitura Sugerida 

ARAÚJO, Carlos Roberto Santos.  Poemas reunidos, Scortecci Editora, São Paulo, 2012.

sexta-feira, 9 de agosto de 2024

ELEITO O MAIS NOVO MEMBRO DA ACADEMIA DE LETRAS DE ILHÉUS: JOSÉ NAZAL



Foi eleito na tarde de hoje, 09 de agosto de 2024, para a cadeira de nº 38, cujo efetivo anterior foi o professor e advogado Carlos Eduardo Lima Passos da Silva, o memorialista e fotógrafo José Nazal Pacheco Soub. José Nazal nasceu em uma família cujo pai, Lucio Soub, veio para a região do cacau numa leva de imigrantes do Oriente Médio e por parte do avô materno, dr. Raimundo Pacheco, juntamente com a avó Ester, que muito contribuíram para nossa cidade com serviços médicos e sociais. Sua mãe, conhecida como Amelinha e suas tias foram professoras fundadoras de colégios sendo fundamentais para a educação de algumas gerações da população ilheense.

José Nazal aprendeu a amar Ilhéus vendo seus familiares trabalhando por seus destinos. Ingressou no curso de Economia da Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC, em 1975, mas não concluiu. Entretanto, sua paixão pela fotografia amadora teve início ainda quando cursava o científico no Instituto Nossa Senhora da Piedade, mas se tornou sua profissão vinte anos depois quando passou a colecionar e publicar fotos de sua coleção, publicando seu primeiro trabalho em julho de 1977, onde comparava fotos de períodos anteriores com as daquele momento.

 

Em 2005 lançou a primeira edição do livro Minha Ilhéus, onde apresenta fotos e textos históricos de diversos autores, esse livro teve edições posteriores com ampliações e atualizações. É membro do Instituto Geográfico e Histórico de Ilhéus.


Em abril de 2024, nosso futuro confrade, recebeu o título honorífico de Doutor Honoris Causa, pela Universidade Estadual de Santa Cruz.


José Nazal terá como patrono da cadeira que irá ocupar, a de nº 38, Virgílio de Lemos, e como fundador Nestor Passos. O novo membro da ALI obteve 65% dos votos válidos. A sessão de apuração dos votos foi presidida pela confreira Maria Schaun e pelo Secretário Geral Josevandro Nascimento.



quarta-feira, 7 de agosto de 2024

DISCURSO DE HOMENAGEM AO DR. SOANE NAZARÉ DE ANDRADE, PELO CONFRADE JOSEVANDRO NASCIMENTO

Noite da saudade em homenagem a Dr. Soane Nazaré de Andrade, em 05/08/2024, na Academia de Letras de Ilhéus.

*Josevandro Raymundo Ferreira Nascimento




Meus senhores, minhas senhoras:

 

Descrever a trajetória de Soane Nazaré de Andrade, o melhor presente que a cidade irmã de Uruçuca nos ofereceu, em 5 de agosto de 1930, filho de Adjovânio Andrade e Selika Nazaré de Andrade, é falar de EDUCAÇÃO. 

É falar do menino da Escola Afonso de Carvalho, do Instituto Municipal de Educação (IME), do adolescente do Colégio Estadual da Bahia, do Bacharel em Direito pela Universidade Federal da Bahia, nos idos de 1953. 


Casado com a profa. Heloisa Cavalcanti Nazaré de Andrade, companheira com quem viveu em harmoniosa união, gerando quatro filhos: Ana Virginia Cavalcanti de Andrade, Luis Frederico Cavalcanti de Andrade, Soane Nazaré de Andrade Júnior e Maria Valéria Cavalcanti de Andrade.

Além do convívio fraterno, Soane Nazaré era um sonhador, capaz de forjar realidades muito concretas, como a Universidade Estadual de Santa Cruz -UESC.

Dono de uma inteligência brilhante, era predestinado a realizações, porque idealista. Mas o seu sonho foi sempre a Universidade Estadual de Santa Cruz -UESC.


Para homenagear o Acadêmico Soane Nazaré de Andrade, considerando a extensão e riqueza da sua vida e de sua obra, elegemos comentar duas de suas publicações, que nos levará a conhecer o seu pensamento.

O livro "Três Mestres" reúne por iniciativa da Reitora da UESC, Professora Renée Albagli Nogueira, homenagens de Soane Nazaré de Andrade às suas Professoras Alina Berbert de Carvalho e Dolores Vieira, e ao antigo companheiro Professor Amilton Ignácio de Castro, que com ele fundou a Faculdade de Direito de Ilhéus e depois a própria Universidade Estadual de Santa Cruz -UESC.


A homenagem à Professora Alina Berbert de Carvalho foi em discurso proferido em sessão solene da Câmara Municipal de Ilhéus, realizada no dia 8 de Março, no ano de um mil novecentos e noventa e um, sob a presidência do vereador Dr Amilton Andrade.

Por seis décadas a Escola Afonso de Carvalho lançou muitas sementes e colheu muitos frutos.


Aluno interno, Soane era considerado filho de Dona Alina.

Dizia Dona Alina que “a Cartilha e as noções elementares recebidas na infância na Escola Afonso de Carvalho talvez tenham sido a prodigiosa semente que fez brotar a ideia da Universidade Estadual de Santa Cruz”, que sem a tenacidade, e o querer forte de Dr. Soane, teríamos sido privados desta realidade que honra a nossa região, a Bahia e o Brasil.

Dona Alina compreendeu que o aluno Soane Nazaré de Andrade, ao deixar a Escola Afonso de Carvalho, para ingressar no Ginásio Municipal de Ilhéus e seguir estudando, primeiro no Colégio da Bahia e, finalmente, na Faculdade de Direito, em Salvador, haveria de levar, aonde quer que fosse, o estandarte da escola amada.



Ela reunia o que de melhor possuía a cidade em competência, disciplina, postura ética, compreensão dos deveres da cidadania. Por isso, ao lado da técnica do ensino praticava-se a educação e se produzia cultura, dizia Soane Nazaré de Andrade, e prossegue:

“Quem dava o exemplo era ela, a professora, a diretora, a segunda mãe. Exemplos de estudo disciplinado, de respeito às normas de convivência social, da prática do bem, de solidariedade humana. Mais do que ler e contar, a Escola Afonso de Carvalho ensinava a viver e a conviver.”

Ainda falava Soane: 

“Lembro-me quando naufragou o Itacaré, tinha eu nove anos, aluno interno da Escola, então funcionando defronte da Barra, onde hoje está situado o Ilhéus Praia Hotel. Da varanda via-se com nitidez o pequeno navio emborcado, e ouviam-se os gritos de dor dos que buscavam sobreviver. Dona Alina transformou o colégio em centro de orações pelos mortos. E se apresentou voluntária para todas as ações de ajuda e amparo aos náufragos sobreviventes.

[...]

Se era medonha a tragédia do mar, maior era a lição de que, ou vivemos para servir ou não servimos para viver. Ela transmitia consciência a Instituição que criara e dirigia com o ímpeto da juventude e da energia modeladora do seu caráter.”


O Professor Soane Nazaré de Andrade era um cavalheiro a antiga: educado, elegante na expressão e nas atitudes, moderado e bom interlocutor. 

Em novembro de 1987, Soane Nazaré de Andrade fez um pronunciamento no auditório do Instituto Nossa Senhora da Piedade, na comemoração do Jubileu de Ouro de Magistério da Professora Maria Dolores Vieira Passos. 

Na Escola Afonso de Carvalho, Soane Nazaré de Andrade teve como sua primeira Professora, Maria Dolores Vieira Passos, no ano de 1938.

Dizia Soane: a professorinha estava construindo futuros. E porque era competente, as suas aulas não foram levadas pelo vento vadio que dispersa as folhas fugidias dos calendários. As suas aulas, as suas lições - creio poder dizer, o seu sangue- tudo quanto é a vida de Dolores renasce nos êxitos de tantos alunos, antigos e novos, nós todos que estamos, orgulhosamente, na apoteose do seu Jubileu de Ouro.


Há um provérbio japonês que ensina "Melhor é caminhar com esperança, do que chegar ao fim do caminho". A sabedoria de Dolores nos ensina, que é proibido chegar. Haveremos de continuar, como da lição de sua vida, a abrir e palmilhar caminhos. É proibido chegar, porque toda a beleza da vida está nos passos da caminhada.

Em maio de 1991, em sessão solene da Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC, Soane Nazaré de Andrade prestou uma homenagem a Amilton Ignácio de Castro, quando no seu pronunciamento disse: não há nada mais agradável, para mim, do que render homenagem aos que lançaram comigo os alicerces desta Universidade. E não só pelo prazer de ser pessoalmente justo. É, mais ainda, pela alegria de verificar quanto a sociedade, devidamente educada, pode aprimorar o seu senso de justiça, porque é próprio dos povos cultos o respeito e o carinho para com aqueles que contribuem para o seu engrandecimento e a sua felicidade.


A mim foi reservada a histórica oportunidade de chamar Amilton Ignácio de Castro ao reduzido número de fundadores desta por todos os títulos, gloriosa Universidade Estadual de Santa Cruz.

Foi no mais adequado cenário que conheci Amilton Ignácio de Castro. Subia os degraus da ampla escadaria do Palácio Paranaguá. Em sentido contrário, vinha descendo Amilton. Não tinha Soane mais que vinte e nove anos. Amilton Ignácio de Castro já tinha passado dos cinquentas. Contava, pois, com mais de meio século vivido com inteligência e abnegação, por isso pleno de cultura e sabedoria. Desejávamos ambos aqueles encontros. Amilton, recém chegado de Salvador, porque renunciara a cargo do Governo de Juraci Magalhães, para vir fundar a Faculdade de Direito de Ilhéus. E eu, porque informado de seus dotes de talento e de cultura, de honradez e de espírito público, virtudes essenciais ao perfil do Professor que eu buscava.


Completa Soane porque para mim o Ensino Superior tem para com a Nação um compromisso ético, além do educar, profissionalizar...

A outra publicação do acadêmico Soane Nazaré de Andrade foi em 1984, " A Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC em Porto Seguro - Um compromisso com a História".  

O principal marco da historia do ensino superior na região, se inicia com a criação da Faculdade de Direito de Ilhéus nos anos 60.

Para tal empreendimento ele contou com Amilton Ignácio de Castro, seu Vice-Diretor, amigo inseparável, que lhe dava apoio e inspirava confiança. Contou, também, com o apoio político do então Prefeito de Ilhéus, Henrique Weill Cardoso, com o apoio de seu grande amigo e colega da Faculdade, José Cândido de Carvalho Filho, então Deputado Estadual, que viera a integrar o grupo dos primeiros professores da Faculdade de Direito de Ilhéus. 

José Cândido de Carvalho Filho era contemporâneo de Soane Nazaré de Andrade, em uma época em que a amizade era coisa séria, Ele, José Cândido de Carvalho Filho ,subiu  ao palanque,  quando Soane Nazaré de Andrade se candidatou a Prefeito de Ilhéus, apoiado pelo então Prefeito Jabes Ribeiro.


Foi uma plêiade de professores competentes e idealistas, que Soane Nazaré de Andrade foi capaz de reunir para fundar a Faculdade de Direito de Ilhéus: Altamirando de Cerqueira Marques - depois Reitor Pró-tempore da UESC -, Manoel Targino de Araújo, Francolino Gonçalves de Queiroz Neto, Jorge Fialho Costa, Alberto Galvão, entre outros, todos eles inesquecíveis mestres.

A Federação das Escolas Superiores de Ilhéus e Itabuna-FESPI, alicerce da UESC, foi instituída em 22 de abril de 1974, no Campus Soane Nazaré de Andrade, por iniciativa dos servidores, que enviaram o documento ao Conselho da Fundação Santa Cruz / FUSC. 50 anos nos distanciam deste momento histórico.

A FESPI era mantida por uma Fundação de Direito Privado, a FUSC, com o grande alicerce da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira - CEPLAC, tendo como Secretário Geral, José Haroldo de Castro Vieira, que tinha profunda confiança na liderança, seriedade e competência de Soane Nazaré de Andrades


Foi José Haroldo Castro Vieira, que tinha grande vontade para implantar o ensino superior na região cacaueira, quem convidou Soane Nazaré de Andrade para reunir as três unidades de Ilhéus e Itabuna, criando a Federação das Escolas Superiores de Ilhéus e Itabuna - FESPI.

E os recursos financeiros indispensáveis não faltaram, sendo convidado o Prof. Erito Francisco Machado recebeu a incumbência de gerir a Fundação Santa Cruz - FUSC, mantenedora da FESPI.



E Soane Nazaré de Andrade liderou os pioneiros da Educação Superior, e em um escritório da CEPLAC, a Comissão se reunia semanalmente. Por dever de justiça a Comissão era constituída pelos seguintes professores: Erito Francisco Machado, Diretor da Faculdade de Ciências Econômicas; Manoel Simeão da Silva, Diretor da Faculdade de Filosofia e Letras de Itabuna; Amilton Ignácio de Castro, Diretor da Faculdade de Direito de Ilhéus; Professoras Helena dos Anjos Souza, Valdelice Soares Pinheiro, Rosalina Molfi de Lima da Faculdade de Filosofia e Letras; e Flávio José Simões Costa, um batalhador da Educação Superior na Região.

Predestinado a realizações, porque idealista, ele continuou a sonhar com dias mais fecundos para a região cacaueira, que o viu nascer. Depois da FESPI, por iniciativa do Prefeito Jabes Ribeiro, foi convidado a ser Secretário de Governo do Município de Ilhéus e, nessa condição, lançou a ideia da Universidade Livre do Mar e da Mata, que atualmente encontra-se em péssimo estado de conservação, dada a ausência de manutenção pela gestão municipal.


Hélio Pólvora, companheiro de Soane Nazaré de Andrade, na época da Prefeitura de Ilhéus dizia: Soane é um eterno estudante, porque sempre a se aprimorar, transmite a serena certeza do homem realizado: o que sente e sabe que não esteve e nem estará só.

Em 27.07.2023, a Universidade Estadual de Santa Cruz chorou a sua partida e lembrou com extremo sentimento de gratidão, a longeva e grandiosa existência do Prof. Soane, hoje reverenciado aqui na casa de ABEL, num preito de justiça e saudade.

Para concluir escolhemos o Poema de Valdelice Soares Pinheiro, escrito em 31.07.1985, dedicado a Soane Nazaré de Andrade, na oportunidade em que concluída mais uma etapa de construção da Universidade.


"Cada espaço deste chão,

 cada folha, casa flor, cada árvore,

cada ave que pousa ou passa por aqui,

como que dizendo,

na expressão do voo,

o sonho livre da asa;

cada pedra,

cada grão de cimento,

cada prédio,

cada sala,cada voz nessas salas,

como que dizendo,

na extensão do tempo,

o sonho de sempre 

que o tempo não leva;

cada coisa ,enfim,

e cada destino 

e cada passo,

e cada gesto

guardam a presença 

do seu sonho confirmado 

na expansão infinita da semente 

para a verdade do fruto 

que já se colhe aqui."

 

Viva Dr. Soane !

 

 

* Membro da cadeira nº 14.