Cais de
Nilo Cardoso Pinto
Cyro de Mattos*
Tu que és ave no
canto companheiro,
Homem com sal nas costas
africanas,
Clamor de ventos e de ondas
inserenas
Ante as manhãs de açoite no veleiro.
Deixa irmão que eu te escute no
lamento
Da
cidade amada, no vento sul
Que,
agitado, prefere a pesca igual
À morte arando a vida desigual.
No ilhéu vestido de limos e escamas,
Deixa então que eu diga sobre o momento
Sublunar escorrendo das espumas
Tua paixão e dor. Que de ti outros
Não conhecem esta angústia de rostos
Sem nome, estas noites de
cais tão mortos.
* Escritor, poeta e
advogado aposentado. Premiado no Brasil e exterior. Membro da
Academia de Letras de Ilhéus, ocupa a
cadeira 19, fundada por Nilo Cardoso
Pinto.
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