segunda-feira, 15 de julho de 2013

POESIA

Cais de Nilo Cardoso Pinto

Cyro de Mattos*


            Tu que és ave no canto companheiro,
             Homem com sal nas costas africanas,
              Clamor de ventos e de ondas inserenas
          Ante as manhãs de açoite no veleiro.


                Deixa irmão que eu te escute no lamento
Da cidade amada, no vento sul
      Que, agitado, prefere a pesca igual
                             À morte arando a vida desigual.


           No ilhéu vestido de limos e escamas,
                   Deixa então que eu diga sobre o momento
      Sublunar escorrendo das espumas


                            Tua paixão e dor. Que de ti outros
           Não conhecem esta angústia de rostos
                  Sem nome, estas noites de cais tão mortos.

                         * Escritor, poeta e advogado aposentado. Premiado no Brasil e  exterior. Membro da Academia de Letras de Ilhéus, ocupa  a cadeira 19,  fundada por Nilo Cardoso Pinto.


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