sábado, 24 de abril de 2021

CONTAS, QUE EU TE CONTO!


A LENDA DAS DEZ TRIBOS

Pawlo Cidade*


Conta uma antiga lenda tapuia, povo indígena que habitou estas terras muito antes dos tupiniquins os expulsarem, que uma anciã, por nome Nhoesembé, que tinha a fama de adivinha, mãe de dez tribos do sul, reuniu as dez filhas para que cada uma tomasse o seu rumo. A mais velha delas, “Ilhéus”, disse: “Minha filha, tu és a mais bela de suas irmãs, por isso mesmo irás fincar tuas estacas nas bandas do rio Almada ao rio de Contas. Os homens irão te explorar de todas as maneiras, terás vários maridos, um deles sequer irá visitá-la quando a possuíres; nenhum deles te amarás tanto quanto aquele que levará seu nome aos quatro cantos deste planeta. Ele contará a história de seus filhos e de suas filhas. Alguns dirão que, apesar de linda, és uma mulher maltratada, sem ninguém para te assumir verdadeiramente. A sua ingenuidade e beleza a deixarás por quase quinhentos anos à mercê do provincianismo, presa a costumes arcaicos que a impedirão de se transformar em rainha. Serás, eternamente, a Princesinha do Sul, até que um dia, um príncipe dos alpes a resgate das forças retrógradas e dos exploradores vorazes”. 

Depois, se virou para Tabocas e a repreendeu dizendo: “Filha, pare de bancar a planta oca, que de oca você não tem nada. Sei muito bem que andas carregando as coisas de Ilhéus nas madrugadas, oferecendo terras e água que tu tiras do Almada. Se afaste de Ilhéus e vá construir sua vida no comércio. Sua habilidade e esperteza a tornarás próspera e logo abandonarás tua irmã. Irás evoluir no lugar das pedras pretas do Sul para mais tarde seres chamada pelos sergipanos de Itabuna. Esqueça sua irmã mais velha. Cresça, multiplique-se, evolua!”, em seguida soltou um olhar furioso para os gêmeos Itapira e Itacaré que brincavam sem prestar atenção nas falas da mãe: “Miguel, em breve, os homens não mais te chamarão de Miguel da Barra do Rio de Contas, mas de Itacaré! Cuida bem dos filhos e filhas que terás: Coroinha, Engenhoca, Havaizinho, Jeribucaçu, Piracanga, Ribeira, Resende, Tiririca e tantos outros. Serás amada por muitos, venerada por poucos. Mas tuas praias paradisíacas serão descritas de norte a sul desta terra. Não se preocupe com Itapira, ela vai cuidar bem da agricultura, como todos vocês. É uma pena que os homens mudarão este nome bonito que tens para chamá-la de ‘aldeia de canoa pequena’, ou melhor, de Ubaitaba. Mas do teu ventre sairão atletas olímpicos que terão orgulho de dizer que nasceram em seu chão”, finalizou. 

“Vargito!”, a mãezona gritou para um camacãzinho, filho de um índio Camacã, que Nhoesembé conheceu nas matas e ordenou: “De Vargito, terás o nome do seu pai, Camacã. Desça na direção do extremo sul e estabeleça ali uma das maiores plantações de cacau do mundo. Serás conhecido, depois de sua irmã mais velha, como a terra que mana o fruto do ouro”. E com olhar afetuoso, viu as jovens Guaraci e Pirangi esperando sua vez. Para a galega de cabelos de fogo a mandou para uma terra quente na esperança de que algum jovem explorador cuidasse com carinho de seus cachos. “Um dia serás, próspera, Guaraci. Por isso mesmo, depois de um tempo a titularão de “Coaraci”. Deverás sempre estar ao lado de Pirangi, até que ela amadureça e se livre daquelas pedras-espinho da beira do rio. Quando estiver no caminho certo, minha adorável Pirangi, que gerarás em teu bandulho um homem de grandes palavras, e serás batizada de Itajuípe”. 

Ansiosa, porque ainda não havia sido citada, Nhoesembé fez questão de deixar Una por último. Pulou ela e se dirigiu logo a Poxim: “Deixe este seu nome de batismo para um distrito distante. De agora em diante te chamarei de Canavieiras. Quando eu quiser paz e sossego, vou descansar minhas pernas em Atalaia, nadar na boca da barra, bem pertinho do rio das garças e me lavar de lama negra para rejuvenescer minha pele. Espero que seus futuros maridos não se sintam donos de suas terras e queiram se perpetuar de geração a geração em seus aposentos. Seja sempre, Canavieiras!

De repente, um enxame de abelhas sobrevoou a reunião. Era arte de Água Preta, também inquieta, por não ter recebido as palavras de seu destino. Nhoesembé não gostou muito daquela travessura. Ficou furiosa. Deu logo uma dura em Água Preta: “Tinha que ser você, não é Água Preta? Pois saiba que irás para a região das abelhas. Deixarás de ser chamada Água Preta e passará a se chamar Uruçuca! Que também significa, “lugar de abelhas!”, disse. Água Preta deu dois pulos para o ar. Gostou de ter mudado de nome. Afinal, amava demais as abelhas. Restava saber se seus dominadores a cultivariam para sempre.

E por fim, segurou a mão da caçulinha com ternura: “Minha pretinha Una! A terra das pedras escuras, do rio mais escuro, da mata mais fechada. É lá que você florescerá com os estrangeiros que tomarão posse de suas terras. Mas não esqueça que seus filhos são seus verdadeiros herdeiros. Estarás entre Canavieiras e Ilhéus, como um forte elo de ligação fraternal, para que nenhuma de vocês esqueça que saíram do mesmo ventre. Preserve sua fauna, cultive sua flora e conserve seu rio negro sempre limpo. És a menor, apenas em tamanho, mas a maior em hospitalidade e alegria”. 

E assim, Ilhéus, Itabuna, Itacaré, Ubaitaba, Camacã, Coaraci, Itajuípe, Canavieiras, Uruçuca e Una se alojaram em terras tapuias onde floresceram, caíram, se ergueram outra vez e continuam lutando na esperança de cumprirem, um dia, as profecias de Nhoesembé.

* Membro da Cadeira nº 13 e presidente da Academia de Letras de Ilhéus.

terça-feira, 20 de abril de 2021

A ACADEMIA DE LETRAS DE ITABUNA - ALITA COMPLETA DEZ ANOS!


A Academia de Letras de Itabuna, carinhosamente chamada ALITA, foi instalada em 19 de abril de 2011, data em que se comemora o Dia do Índio, esse primeiro habitante do Brasil, que com a sua gente indefesa foi usurpado e massacrado pelo colonizador europeu, e que até hoje caminha nos rastros da desgraça. Essa instituição está cumprindo hoje dez anos de atividades na área das letras e do saber. Tudo aconteceu quando, depois de exaustivas reuniões, na sede da Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania, da qual eu era o presidente, ela foi criada numa manhã de alegria, tendo como patrono o escritor Adonias Filho. 

A ideia de sua criação veio em razão da dissidência que tive na primeira reunião para a instalação da Academia Grapiúna de Letras, pois não me sentia bem com as perspectivas na constituição do quadro de associados daquela primeira instituição. Logo depois os juízes de direito Marcos Bandeira e Antônio Laranjeiras afastaram-se também da Academia Grapiúna de Letras, e, com o promotor Carlos Eduardo Passos, voltaram a insistir comigo para que fosse criada outra academia de letras em Itabuna.

Resisti a princípio quanto à minha participação na segunda academia, depois resolvi aderir à ideia por amor a Itabuna e devoção à literatura. Cedi a sala de diretoria da Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania para as reuniões preliminares. Em nossos primeiros encontros discutimos a respeito do quadro de patronos e de membros efetivos, sobre a elaboração do estatuto e do regimento. As confreiras Sônia Maron e Sione Porto tiveram papel importante na confecção desses documentos. Indiquei a maioria dos nomes para compor o quadro de patronos e de membros. 

A Academia de Letras de Itabuna vem se mantendo com dificuldades, ao longo desses dez anos. Sem recurso financeiro para responder aos seus propósitos, Deus sabe como teima em existir com base na determinação e sonho de alguns abnegados. Destacam-se, nessa fase de sua infância, entre as suas atividades principais, os eventos seguuintes: 

Solenidade de instalação no salão nobre da FTC, com o presidente da Academia de Letras da Bahia, o escritor Aramis Ribeiro Costa, dando posse aos novos acadêmicos Janete Ruiz, Antônio Laranjeiras, Carlos Eduardo Passos, Cyro de Mattos, Rui Póvoas, Carlos Valder, Ari Quadros, Ceres Marylise, Sione Porto, Sônia Carvalho Maron de Almeida, Maria Palma de Andrade, Maria de Lourdes Neto Simões, Marcos Bandeira e Baísa Nora; a criação do site com destaque para as atuações de Ceres Marylise no início e ano depois Raquel Rocha; programação especial do Centenário Jorge Amado; Mês da Consciência Negra, com o tema Códigos da Pele, no terreiro de candomblé do professor e babalorixá Rui Póvoas; comemoração do Dia do Índio; posse dos acadêmicos Hélio Pólvora, Edivaldo Brito, Celina Santos, Raquel Rocha, Jorge Batista, Ritinha Dantas, Raimunda Assis, João Otávio, Silmara Oliveira, Delile Moreira, Cristiano Lobo, Aleilton Fonseca e Renato Prata; criação da logomarca “Litteris Amplecti”, Letras em Abraço; lançamento dos livros Atalhos e Descaminhos” , de Ceres Marylise, Corpo e Alma, de Sione Porto, Sendas e Trilhas, de Delile Moreira, Entre Margens, de Margarida Fahel, O Canto Contido, de Valdelice Soares Pinheiro, Histórias Dispersas de Adonias Filho, Os Ventos Gemedores, romance, e O Velho Campo da Desportiva, os dois últimos livros de nossa autoria; o Natal da Alita no espaço cultural do Montepio dos Artistas; Projeto Roda de Leitura, de autoria de Raquel Rocha, com contação de histórias pelos alitanos nas escolas; participação na comemoração do Centenário de Adonias Filho em Itajuípe; e o lançamento de três números da revista Guriatã, da qual fui idealizador e sou o editor atual. 

Nesses dez anos de ousadia e sonho, ressalte-se na presidência da Academia a atuação dos juízes de direito Marcos Bandeira e Sonia Carvalho e, atualmente, da professora Silmara Oliveira, que vem recorrendo à realização de “lives” para a discussão de assuntos internos e temas importantes, como o do legado de nosso patrono Adonias Filho e o da situação do menor na sociedade de hoje. 

Nesse percurso de dedicação e sacrifício, não se pode deixar de agradecer à Faculdade de Tecnologia e Ciência, na pessoa de seu diretor geral Cristiano Lobo, nosso confrade, pelos serviços que nos vem prestando em parceria generosa. 

Apesar dos tempos difíceis, agravados com a traição da noite exercida sem piedade pelo coronavírus, e até mesmo como resistência em nossa cidadela do saber para ser, exorto nesse instante a caminhada árdua dessa instituição, dizendo contente, avante, ó Academia de Letras de Itabuna, com o seu espírito de corpo constituído de valores indiscutíveis e formas de conhecimento da vida desde o seu amanhecer, andamento para o bem das letras e grandeza da cultura local, da Bahia e do Brasil. Concluo minha breve exposição, talvez com formato de crônica, lembrando os versos de Fernando Pessoa, o genial poeta português:



Deus quere, o homem sonha, a obra nasce.

Deus quis que a terra fosse toda uma,

Que o mar unisse, já não separasse.

Sagrou-te, e foste desvendando a espuma.


Texto do confrade Cyro de Mattos

 

quinta-feira, 15 de abril de 2021

"POBRE LÍNGUA RICA" ABRE UMA SÉRIE DE TERTÚLIAS DA ACADEMIA DE LETRAS DE ILHÉUS NESTE SÁBADO

A Academia de Letras de Ilhéus realiza, neste sábado, 17 de abril, às 18 h,  roda de conversa entre os acadêmicos Sebastião Maciel, Ramayana Vargens e Ruy Póvoas,tendo como mediador o acadêmico Pawlo Cidade. O temaabordado será “LÍNGUA, LEITURA E LITERATURA”, no viés da “POBRE LÍNGUA RICA”, subtítulo que permitirá enfoques aos aspectos formais da língua portuguesa, a leitura na contemporaneidade e os gêneros literários que permeiam a literatura grapiúna. A transmissão será via Instagram da Academia de Letras de Ilhéus.

“Esta será a primeira de uma série de tertúlias que a Academia de Letras de Ilhéus  promoverá  ao longo do ano acadêmico de 2021. As tertúlias acadêmicas estão sendo programadas para acontecer mensalmente, e as temáticas abordadas  visam a discussão do idioma, motivação do fazer literário, assim como o incentivo à leitura, com abordagens de vida e obra de autores diversos,  resenhas de livros, etc.  As rodas de conversas serão, certamente, especiais  em seus conteúdos, e ocorrerão entre os membros da Academia de letras de Ilhéus e seus convidados com ricos saberes na área em comento ”,  destaca o presidente da ALI, Pawlo Cidade.


quarta-feira, 14 de abril de 2021

CONTAS, QUE EU TE CONTO

UM DIA DE OUTONO EM ILHÉUS
Maria Schaun*


Praça Coronel Pessoa, em Ilhéus, à época desta história. Ela fica em frente a ladeira da Vitória. 


Era 14 de abril do ano de 1966, um dia claro de outono, e nos encontramos no início da Ladeira da Vitória para irmos ao colégio. À frente iam Gracinha e Eliane, um pouco maiores, responsáveis por tomar conta das menores nesse percurso. Mais atrás Ivete e eu conversando alguma coisa e um pouco mais atrás Aninha e Diene também seguiam conversando, afinal assunto era o que não faltava, tínhamos entre nove e dez anos de idade. Estávamos vestidas com o uniforme do Instituto Nossa Senhora da Piedade, saia com pregas macho, blusa branca de tecido de manga curta, sapatos pretos e meias brancas, cada uma com as respectivas pastas que continham livros e cadernos. Quando, na altura da Maternidade Santa Helena, Ladeira da Vitória, um veículo Jeep, com dois homens, parou ao nosso lado e um deles perguntou:

- Quem é a filha de Pompílio Barreto? Logo, Ivete avançou um passo em direção ao carro e se apresentou: 

- Sou eu! O homem que estava na posição do carona abriu a porta, desceu e disse: 

- Seu pai caiu da escada e está lhe chamando. Ivete olhou para mim e disse: 

- Mara, avise a Gracinha e entrou no carro. Apressei os passos e subi ao encontro das meninas maiores: 

- Gal, “seu” Pompílio caiu da escada e Ivete voltou para casa. 

Continuamos a subida normalmente esquecemos o assunto e fomos para as salas de aula. Pouco tempo depois, talvez uma hora, ou hora e meia, Maria, da Portaria, abriu a porta da sala em que eu me encontrava e disse: 

- Maria! Parlatório! Isso era grave e todas as colegas olharam em minha direção. Com o assentimento da professora, levantei e segui com Maria. Na área da Portaria e do Parlatório havia muita gente - muitos homens de paletó. Eram advogados, delegado de polícia e seu pai, Pompílio Barreto. Logo entendi que Ivete tinha sido roubada, levada por aqueles homens do Jeep. Após algumas perguntas relatei o acontecido. Lembrava das feições dos dois homens que estavam na parte da frente do Jeep, mas não observei a placa do carro, que era verde e estava sujo de poeira, como se tivesse rodado em estrada de barro.

“Seu” Pompílio era neto de um português que chegou à região de Ubaitaba com dez filhos homens e uma filha. Ali, desbravou a Mata e cada filho fez sua própria vida, criou sua própria família. Não se tem registros de nomes e datas, pois o Cartório pegou fogo e o acervo foi queimado, aliás, essa era uma prática comum nos tempos em que era importante apagar os registros de propriedade e de parentesco. Assim desapareciam provas de negócios mal feitos e a história de muitas pessoas, que nem sempre estavam ligadas aos interesses criminosos. “Seu” Pompílio fez um bom patrimônio na região, seus filhos nasceram em Gongogi, localidade que foi distrito de Ubaitaba, e se emancipou em 12 abril de 1962, Ivete foi sua primeira filha e ele lhe devotava um carinho especial. Osvaldo Barreto Silva, um dos filhos, foi prefeito de Gongogi no período de 1o de janeiro de 1971 a 30 de janeiro de 1973, doou sua residência para ser escola municipal, atual Biblioteca Pompílio Barreto, no centro da cidade. Dentre inúmeros imóveis rurais, um, situado na BR415, junto com áreas de outros produtores, foi desapropriado para instalação da Ceplac, em 1962**

O desaparecimento de Ivete foi o assunto na hora do intervalo do meio da manhã, o recreio, quando encontrávamos os colegas de outras classes, lanchávamos e brincávamos um pouco. No final da manhã seguimos para nossas casas. Ao entrar pelo portão e ver minha mãe, d. Delza, aguardando no topo da escada disse de pronto: 

- Mainha, Ivete foi roubada! Ela começou a chorar, fez muitas perguntas, acendeu velas e iniciou uma série de orações. Isso aconteceu em muitas casas, pois todos se conheciam, “seu” Pompílio era uma pessoa que tinha uma projeção na cidade ainda pequena. As emissoras de rádio só falavam desse assunto e das providências que a família e as autoridades estavam tomando. 

Após o almoço, desci para fazer banca numa sala, no que seria o térreo da casa, com tia Ilza que tinha uma turma de banca, todas as tardes. Um pouco depois, uma Rural com faixas horizontais verde e branca parou na porta, um homem desceu e conversou com minha tia, logo estava sentada no banco da frente com aquele senhor, do qual eu não sabia nem o nome, devia ser um agente de polícia, talvez. Na Delegacia, contei a mesma história outra vez e a mesma pessoa me levou de volta, essa coleta de informações foi feita com outras pessoas. Lá, fiquei sabendo que um homem, Léo Portugal da Mota, seria o responsável pelo crime. Ele era frequentador da casa de Ivete, próximo de “seu” Pompílio e teria ficado na Praça Coronel Pessoa com o colega, dentro do carro, observando a nossa caminhada rumo a escola e subiu ao nosso encontro. Nesse ínterim, um garoto que estava por ali levou um bilhete, feito com recortes de jornais e algumas palavras manuscritas, para “seu” Pompílio, onde dizia que estava com Ivete em seu poder e exigia Cr$ 20 milhões (vinte milhões de cruzeiros), moeda da época, para devolvê-la. Ivete foi vendada logo que o carro entrou à direita da Igreja Nossa Senhora da Vitória e levada para um local onde ela ouvia música transmitida por um alto falante. Um dos homens ficou tomando conta dela, ofereceu sanduíche, refrigerante e ela o tratou com rispidez - “não quero!”. Ele tinha marcas de varíola e uma cicatriz no rosto, os outros não apareciam no cativeiro. 


Praça Coronel Pessoa. Ao fundo, o castelinho que marca a subida da ladeira da Vitória.

Corria o segundo dia do rapto de Ivete, não conhecíamos a palavra sequestro. Percebia-se um movimento diferente na cidade, as pessoas assustadas e conversando nas esquinas, as mulheres em oração. Falava-se que a polícia ia fechar as saídas da cidade e que iria colocar um carimbo nas cédulas do pagamento para que o dinheiro não pudesse ser usado. Entretanto, após telefonema dos sequestradores, foi marcado um encontro no Km 5 da Rodovia Ilhéus/Itabuna para a entrega do resgate em um prazo de duas horas, mas o receptor não compareceu. 

No final da tarde, Paulo, irmão de Ivete, estava na porta da garagem da casa que ia da rua Sá e Oliveira até a rua Tiradentes, onde passava a linha do trem, quando viu uma menina correndo em sua direção com o uniforme do colégio e sua pasta de livros, o cabelo longo voando. Os homens a deixaram na região das Docas, atual SAC, local próximo do antigo porto da cidade e bem deserto naquela hora, dizendo: – “Não olhe para trás!”. Ivete bateu o pé e saiu correndo, destemida. Logo a notícia se espalhou pela cidade e os mais próximos foram para a casa de dois andares. Muitas pessoas se aglomeravam: no térreo, amigos, advogados, policiais, irmãos de Ivete; na cozinha mulheres fazendo algum alimento e café. Um grupo menor cuidava de dar banho em Ivete, d. Delza tanto chorava como esfregava a bucha vegetal no corpo da menina, era um jeito de limpar, pois imaginava-se muitas coisas... Pela janela do quarto vi a praça Coronel Pessoa com muitas pessoas olhando para a casa. 

Já de banho tomado, cabelo penteado e com roupas limpas, Ivete foi colocada na janela recebendo aplausos. A família foi para Salvador, pagar uma promessa feita ao Senhor do Bonfim. No retorno, as mães e as professoras orientavam para que não falássemos no assunto e, no momento inicial, ela pensava que ninguém queria falar com ela... Léo era jovem, solteiro, levava uma vida ociosa, mas intensa. Do Rio de Janeiro, foi viver um período no bairro da Ribeira, em Salvador, e teria vindo para Ilhéus para trabalhar em uma empresa de compra e exportação de cacau. Um típico playboy, da época. Ao escrever Pompílio no bilhete onde exigia o resgate fez o mesmo P que usava para assinar Portugal, assim, a polícia encontrou uma pista do autor do crime. Os três homens, que elaboraram e executaram o sequestro entenderam que era melhor soltar a garota e fugir, um deles teria dito que era melhor matar Ivete, porque o intento não deu certo e ela iria identificá-los. Na fuga, Léo e Carlinhos foram presos, mas o terceiro conseguiu escapar. 

Léo fugiu da cadeia tempos depois e as notícias diziam que tinha ido para os Estados Unidos com ajuda da família, nunca mais ouvimos falar. Anos depois, Irene, baiana que vendia acarajé na praça Castro Alves nos disse que um dos homens, morava no bairro dela. Em outro momento, alguém falou que trabalhava em um hotel no centro da cidade. O galpão usado para o cativeiro de Ivete era de seu próprio pai, na Av. Itabuna, via de entrada e saída da cidade, mas de pouco movimento naquela época. 

O tempo passou, nunca conversamos a respeito do assunto mesmo convivendo na adolescência e dividindo o mesmo apartamento nos tempos da graduação, em Salvador. Um dia saímos com um grupo de amigos e estávamos em uma casa de forró, em Itapuã, Ivete observou um casal que dançava próximo e disse: 

- Parece que ele é um dos caras, tem a mesma cicatriz... Mais recentemente o assunto surgiu entre os familiares: seu irmão Paulo, contou para as sobrinhas e o cunhado a história que parecia inacreditável. Desde pequena, Ivete dizia que queria ser enfermeira. Assim, cursou Enfermagem na UFBA, é servidora pública federal, atuou como enfermeira, foi professora da UFGO e é uma pessoa de destaque nacional em sua profissão, atuando nos conselhos Regional e Nacional de Enfermagem. Construiu uma bela família, tem um coração onde cabem muitas pessoas e está sempre disposta a acolher quem se aproxima. É uma pessoa feliz. 


* Maria Schaun é membro da Academia de Letras de Ilhéus, ocupante da cadeira nº 35.

**Uma instituição chamada Ceplac – Retrospectiva 13/nov/2017. Em: osarrafo.com.br. Pesquisa em 11/04/2021. Revisão do texto: Delza Schaun

Este texto foi escrito em Ilhéus, 14 de abril de 2021. A história é baseada em fatos reais e foi autorizada pela personagem central do acontecimento. 

segunda-feira, 12 de abril de 2021

ARTIGO


O REAL E O IMAGINADO: um caminho para desvelamentos 
Ruy Póvoas* 


Abordar a religiosidade nagô no imaginário nacional implica focalizar fraturas que revelam mandonismo, elitismo e exclusivismo. Isso porque o Brasil se construiu sob o domínio de uma ideologia europeia, mercantilista, patriarcalista e católica. Toda e qualquer prática social que se distancie do modelo importado costuma ser rechaçada. 

Os índios e os descendentes de negros escravizados tiveram seus cultos e o uso de suas linguagens, a princípio, proibidos por lei. Mesmo após findar a proibição, a perseguição continuou até os dias de hoje. 

Povos trazidos da África que tinham a androgenia também como um valor fundante foram obrigados a adotar a supremacia do Masculino. Apesar das mudanças ocorridas, ainda hoje, os que têm outra escolha sexual e também os que têm o fenótipo do negro africano são discriminados. 

Com a dita libertação dos escravos, abriram-se as portas das senzalas e os negros foram tangidos para as quebradas e esconsos dos morros e das periferias. Estava selado um destino de pobreza, abandono e desprestígio social e econômico de grande parcela da população brasileira. 

Índios, ainda hoje, lutam desesperadamente por habitar a terra de seus antepassados. E ao negro foi proibida, quando não, dificultada, a posse de terras, bem como o acesso à escola oficial. Divindades cultuadas pelos negros ou pelos índios foram atacadas. A evangelização fez lavagem cerebral e as práticas africanas tiveram de ser vivenciadas longe dos chamados núcleos de civilização. 

De tudo isso, resultou uma sociedade em que a rejeição e o preconceito ditam a separação em grupos, de poucos com muito e muitos sem nada. E muita gente ainda se envergonha de sua origem e abomina a sua história. 

Do emaranhado dessa história que compõe escritoras e escritores, a intuição produziu romances e poemas. Neles, a sombra da nação à qual pertencemos, através de versos e de narrativas imaginadas, se reflete no espelho da consciência de todo e qualquer brasileiro que se digne examinar a verdadeira história do Brasil. 

Nos tempos de agora, é comum sabermos tudo de várias nações da terra, ao tempo em que muita gente ignora por completo os meandros da história de nosso povo. Tudo leva a crer da necessidade de evitar o enfrentamento com a verdade que, como se sabe, dói. E além de doer cobra profundas mudanças, a partir do modo de cada um ver a si mesmo e ao coletivo. 



* Ruy do Carmo Póvoas é membro da Academia de Letras de Ilhéus. Trecho adaptado do livro A sombra no espelho, do autor, lançado pelo Editora Via Litterarum.

PROJETO "TERÇA COM MESTRES" TEM LIVE COM A CONFREIRA MARIA LUIZA HEINE E O CONFRADE PAWLO CIDADE


 

ARTIGO


A Poesia com Afeto de Afonso Manta 

Cyro de Mattos*

Antologia Poética (2013), de Afonso Manta (foto), seleção, prefácio e organização de  Ruy Espinheira Filho, é uma publicação da ALBA, editora da Assembleia Legislativa da Bahia, em parceria com a Academia de Letras da Bahia. O livro está inserido na Coleção Mestres da Literatura Baiana. Pela primeira vez um livro do poeta de Poções recebe uma publicação digna de sua lírica. Seus livros tiveram edições por gráficas e editoras pequenas do interior, fazendo com isso que sua poesia circulasse no ambiente de amigos e poucos leitores. Tornaram-se raridades bibliográficas. 

Essa Antologia Poética agora faz jus ao conhecimento e expansão de um poeta que tem um brilho inusitado, capaz de enlouquecer as flores, aprofundar as cores, tornando-se, no trânsito da ternura, como um anjo em voo do infinito.  Chegou a nos dizer que quando essa noite passar com o seu manto de trevas, numa “sinistra gaiola comendo o alpiste do dono... com seus frios caracóis de angústia e desesperança, praga dos que vivem sós... faz teu canto na manhã, que todo dia traz luz. E não é vã, não é vã.”

É fácil perceber que a poesia de Afonso Manta flui pelos caminhos da esperança, da ternura expressa por uma linguagem simples longe do vulgar, ao invés disso se apresentando com a palavra tomada emprestada ao encantamento. Toca-nos sem arroubos, nos versos simples sem pieguismo, encanta o pensamento e o sentimento com leveza, dizendo com nitidez sobre a tristeza diáfana. Nos momentos de sonho produz mel e ingenuidade, que confortam e possibilitam uma carícia de brisa. Em muitos casos usa a rima, a estrofe apoiada no verso que soa e fere a vida através das notas da contradição humana. Mostra a alma fragilizada de um homem sensitivo, que ao se ver no espelho flagra como está cansado de tudo.

Se a poesia no Brasil repercute no século vinte com o que tem de melhor na clave da solidão, intensa nos conflitos, em questões complexas, em Afonso Manta conserva-se nos ares ingênuos, embora de interioridades profundas, como na explícita certeza desses versos:

 

 Vale a pena viver, mesmo sofrendo.

Eu mesmo vivo assim, triste gemendo,

Escravo da ilusão e da beleza.

 

Essa é a maneira do poeta estar na vida com sinceridade, ter como base, apesar da dor, as construções de conteúdo inocente, guardadas pela alma de um cantor prisioneiro do menino, bebedor de umas doses de extravagância, mas sem maldades, a exalar a consciência do dever cumprido, banhar-se com as luzes de uma musa portadora de canários verdes na varanda. Entre a ordem e a vertigem, do viajante que transita para o último gemido, Afonso Manta tece seus poemas de versos harmoniosos. Escreve uma poesia clara, com a alma de um poeta que só precisa de um pouco de sonho para equilibrar-se em seus rumos e rumores loucos, de “estrelas na testa de rapaz” para que suas angústias fiquem serenas. Só assim, com a mansidão das amargas, o poeta se dará por contente.

Se tudo isso aqui onde vivemos é ilusão, para quem queira ler e ouvir a poesia de Afonso Manta vai saber como esse poeta foi um homem digno de seu estar no mundo, corajoso conforta-nos quando assume sua maneira de andar sozinho com os seus versos delicados para o alimento da alma, intenso de saberes, sustentando-o como um homem real, que transita na vida pela rua da solidão e do sonho com matizes do lilás. Vai senti-lo em dado momento aos frangalhos, mas consciente de que não precisa ser rico, nem ter crédito na praça, pois convive com o vento que o agita interior e largado. No poema “O Realejo do Vinho”, esse poeta sabe como a vida é falha, mas basta quando o torna com os cabelos devastados, rosto, sorriso e palavra.

Na fatura do soneto Afonso Manta é modelar, raro inventor de sentimentos na frase iluminada.  Qualquer um deles surpreende pela simplicidade da rima, condução nítida da ideia, o fluxo espontâneo que nos torna cúmplice da palavra simulada com emoção e simbolismo.  Libertos de sua camisa de força imposta pelo formato clássico, vemos como tamanha é a habilidade de sua elaboração por um mestre, que não se veste com a roupa compositiva de sua estrutura fixa. Faz com fluência que transmitam sentimentos doloridos, os ares do que é triste, que se encontrará sempre na paz do espírito redimido.   Assim o poeta procede em “O Rei Afonso”.

 

Aqui, o rei Afonso, o Derradeiro,

Vê naus que não são mais as naus do porto.

São já as naus febris do sonho morto

No mar tão vasto como traiçoeiro.


Aqui, o mesmo rei, também chamado

Restaurador do Império Agonizante,

Perde para o inimigo, doravante,

O reino duramente conquistado.

 

O rei, flor-de-lis santa e vulnerável

Ferido pela dor inevitável,

Perdoa a punhalada do assassino

 

E morre sem palavra de desgosto,

Mostrando paz até o fim no rosto,

A mesma paz dos tempos de menino... 

 

Louco esse poeta vestido do pôr do sol, mas que tinha uma rosa na cabeça?  Bicho estranho que não queria morrer enquanto existisse estrelas cintilando no céu e o pássaro cantando? Homem da lua, triste divagando pelas ruas da Bahia? O que tocava o violino nas solidões de sua cidade natal com as cordas do sorriso? Ousado guerreiro, dispersivo, que tudo arriscava num momento veloz e passageiro? Um detentor de humanas paixões, que morreu sereno e forte? 

 Era poeta que tinha um olhar vago, de mendigo e sonhador, de aspecto excessivo de profeta.  Banhava-se nas águas da esperança. Não há quem não desperte enriquecido quando se entra em contato com a sua lírica de alto nível, não se deixe encantar com o prontuário iluminado onde não morre a solidão solidária, imaginada nos toques do amor.  Quanta simplicidade em versos que enleiam, rumorejam com generosidade, primam por relâmpagos que nos mostram da vida verdades. Poeta de alma com doces soluços, brilhantes abraços da cor dos lírios, dos jasmins com seus inebriantes perfumes. Oferta, na chuva que bate nas orelhas, incandescentes ternuras naquele lugar onde a esperança não morre.  

No poema “De Um Rabisco”, de fino humor, os versos como se fossem para serem lidos em dia de riso, Afonso Manta alerta:

 

Há que deixar em paz o poema.

Ou o poema nos afeta.

O poema há de ser perfeito.

Ou ele come o poeta.

 

No seu caso, o poema, por ser perfeito, alimenta a alma, comete a catarse de curar como o melhor alento. 

 Leitura Sugerida

 *Antologia Poética, Afonso Manta, Editora da Assembleia Legislativa do Estado da Bahia – ALBA, em parceria com a Academia de Letras da Bahia, Coleção Mestres da Literatura Baiana, organização, seleção e prefácio de Ruy Espinheira Filho, Salvador, 2013.

  * Cyro de Mattos, membro da Academia de Letras de Ilhéus e da Academia de Letras da Bahia.


domingo, 11 de abril de 2021

CYRO DE MATTOS LANÇA CONJUNTO DA OBRA EM VOLUME ÚNICO PELA FUNDAÇÃO CULTURAL CASA DE JORGE AMADO


Clique na capa do livro e leia em PDF


Foi lançado, no último dia 8 de abril, numa live de comemoração dos 60 anos do imortal da Academia de Letras de Ilhéus, o livro Canto para Hoje, do escritor Cyro de Mattos. A Academia de Letras de Ilhéus, via Fundação Cultural Casa de Jorge Amado  disponibiliza aqui para leitura eletrônica, o volume de 800 páginas que reúne a poesia completa de Cyro de Mattos e mais artigos e outras referências à obra do autor grapiúna. 

Na versão eletrônica, pode-se escolher a leitura em PDF, pela E-Book.Br, clicando na capa acima. Devido a extensão deste livro ele não pode ser lido na plataforma internacional ISSU, onde figura um texto anterior do autor. O conjunto de obras de Cyro de Mattos foi laureado com o Prêmio Jorge Portugal, da Fundação Cultural do Estado da Bahia, via Lei Aldir Blanc, do governo federal.

terça-feira, 6 de abril de 2021

COMUNICADO



CONVOCAÇÃO ASSEMBLEIA EXTRAORDINÁRIA



O Presidente da Academia de Letras de Ilhéus convoca todos os seus membros para ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA a ser realizada em 08 DE ABRIL DE 2021, QUINTA-FEIRA, às 18 horas, em havendo quorum metade mais um de seus membros, ou às 18:15, em segunda convocação com número de membros presentes. A reunião, complementar à Assembeia Geral Ordinária ocorrida em 01 de abril p.p., se dará DE FORMA REMOTA, PELA PLATAFORMA MEET, tem por objetivo a discussão e aprovação exclusivamente dos artigos que tratam de “demissão” e “exclusão” de membros associados, matérias que precisam ser incluídas no ESTATUTO/REGIMENTO DA ACADEMIA DE LETRAS DE ILHÉUS, para regularizá-lo civilmente, de modo a atender a atual legislação federal que rege a matéria. Todo o restante já foi discutido e aprovado em 01.04 p.p. Ao final, será lavrada ata, que junto ao Estatuto, serão encaminhados para registro e averbação no Cartório/Ofício de Registro de Títulos e Documentos e Registro Civil de Pessoas Jurídicas de Ilhéus-Bahia. 



Ilhéus, 06 de abril de 2021



Pawlo Cidade- Presidente ALI

Jane Hilda Mendonça Badaró- Secretária Geral ALI

sexta-feira, 2 de abril de 2021

ACADEMIA DE LETRAS DE ILHÉUS ESTÁ ATUALIZANDO SEU ESTATUTO




A Academia de Letras de Ilhéus se reuniu em Assembleia Geral, de forma remota, em 1 de abril p.p., com o objetivo de promover a atualização de seu Estatuto, de maneira a atender ao que determina a nova Legislação Federal que trata da matéria. Em breve a instituição estará com seus regramentos devidamente atualizados.

Os pontos mais polêmicos da atualização estão situados em conceitos importantes de admissão, demissão e exclusão, já que, pela tradição das Academias de Letras, não há a previsão de demissão, nem tampouco de exclusão. "Admissão é o ingresso de um associado, demissão é a saída do associado pela iniciativa do próprio associado e exclusão é a saída do associado por decisão da associação", exigências do Código Civil Brasileiro, desde 2002.

O confrade Geraldo Lavigne, relator responsável pela adequação do estatuto, explica: "Via de regra, as academias consideravam que seus membros não poderiam deixar a academia nem serem excluídos. Isso não é mais compatível com a Constituição Federal, desde 1988, nem com o Código Civil, desde 2002. A pedido do presidente, trabalhamos nesse assunto nos últimos dias. Busquei compatibilizar o estatuto à Constituição, ao Código Civil e à Mrosc (Lei nº 13.019/2014), sem desnaturar nossos princípios. Caso tenham saídas mais adequadas, vamos ajustando".

O próximo encontro tratará, exclusivamente, destes conceitos, assinalados nos artigos 8º e 9º, do estatuto em atualização. A Assembleia Extraordinária está marcada para o dia 8 de abril, quinta-feira, às 18h, pela plataforma Google Meet, e é reservada apenas aos membros da ALI.

Até a data da reunião, os membros da ALI podem responder a uma pesquisa sobre as mudanças do Estatuto que poderão também subsidiar as modificações. No vídeo abaixo, o presidente Pawlo Cidade, fala sobre a importância da pesquisa.