domingo, 12 de outubro de 2014

EDITAL DE ELEIÇÃO - CONVOCAÇÃO

A Academia de Letras de Ilhéus convoca seus acadêmicos para Assembléia Geral Eleitoral, dia 04 de novembro de 2014, às 17 horas, na sede da ALI, com a seguinte ordem do dia:

  • Apresentação do balanço Geral da gestão 2012 a 2014.
  • Eleição da Diretoria para o biênio 2015/2016.


Informamos que o prazo para recebimento de apresentação de chapa vai até 22/10/14, endereçadas para a sede da Academia.

Ilhéus, 10 de outubro de 2014.


Josevandro Nascimento
Presidente


POSSE DE GERALDO LAVIGNE DE LEMOS FOI MARCADA PELA SAUDOSA LEMBRANÇA DE TON LAVIGNE


O mais novo imortal da Academia de Letras de Ilhéus, Geraldo Lavigne de Lemos, foi recebido com festa na noite de 19 de setembro em que ocupou a cadeira 23 - antes ocupada pelo Dr. Mário de Castro Pessoa - e tendo como fundador Ramiro Berbert de Castro e como patrono Gutemberb Berbert de Castro. Diversas autoridades civis e militares estiveram presentes, parentes, amigos e confrades para saudar a chegar do mais novo - literalmente - a ocupar uma cadeira na Academia. A confreira Maria Schaun fez a saudação; o confrade André Rosa colocou o broche e o escritor Pawlo Cidade entregou os estatutos e o regimento da ALI. 






O poeta Geraldo Lavigne, advogado de formação, é ilheense, filho do saudoso confrade Ton Lavigne, também poeta. Ao mencionar palavras e memórias do pai, se emocionou. 




matina


desponta calmo o dia em Serra Grande
anunciado no canto das aves

a vila desperta
com o orvalho salgado
e a voz presente da natureza

a primeira claridade da manhã
tem sabor de fruta madura
café coado em pano e tapioca

tem banana da terra e hortaliças
na feirinha do domingo
da lavoura familiar

Geraldo Lavigne de Lemos

                              


NOSSO MARAVILHOSO HINO, por Prof. Lima*

                           

Vale a pena um estudo desta obra-prima,na sua integridade. Seguimos o texto, passo a passo.
                               Logo de início deparamos  maravilhosa figura estilística, em que as margens do Ipiranga são mencionadas como tendo ouvido o brado retumbante de liberdade de nosso povo. A figura é a PROSOPOPÉIA, em que seres inanimados sentem,falam.
                               A seguir, a expressiva METÁFORA  do sol da liberdade. De fato, a liberdade é  luminoso sol que possibilita ver e traçar o futuro, coisa impossível  sob o domínio  de  colonizadores, como os portugueses,  que impunham suas determinações ao Brasil colônia.
                               Com a conquista da liberdade, estamos em pé de igualdade, neste particular, com todos os  povos livres. Aqui  o poeta dirige-se  à própria liberdade,e falando em nome  do povo brasileiro, diz-lhe  que desafiamos a própria morte,  caso seja necessária a luta,   um “braço forte”, para termos  a garantia da conservação de tal igualdade por ela conquistada. E eis    outra figura de estilo muito eficaz: a APÓSTROFE, quando na poesia, no discurso, invocamos algum  ser. Nosso hino compõe-se   de  brilhantes APÓSTROFES: Ó pátria amada, terra adorada, Brasil.
                               E surge  um momento de êxtase patriótico e cristão, quando o poeta,ao contemplar o Cruzeiro do Sul  brilhando  sobre o céu do Brasil, mergulha num sonho estupendo, onde, em visão planetária, observa  um “raio  vívido de amor e de esperança”, a  baixar sobre a terra.
                               Voltados, a seguir, para a extensão do Brasil, 8.515.767 k2, vem-nos à imaginação  a figura de imenso,  destemido  colosso, muito maior por certo  que o colosso de Rodes ou qualquer outro, a refletir  na  própria grandeza o esplendor do seu futuro.
                               Note a força desta inversão da ordem lógica das palavras, HIPERBATO: “Dos filhos deste solo és mãe gentil,/Pátria amada/ Brasil.”
                               Quando falamos do Brasil como deitado eternamente em berço esplêndido não nos referimos ao Brasil como berço de uma gente preguiçosa, sem futuro, como alguns maliciosamente interpretam, mas ao próprio território brasileiro, como que acalentado pelas ondas do mar, à luz de um céu profundo; basta conferir o mapa; neste, o Brasil pode ser considerado,inclusive  como enorme florão a embelezar toda a América, tal qual canta nosso  hino.
                               A seguir, os inspirados  versos  de Gonçalves Dias: Teus risonhos, lindos campos têm mais flores,/ “nossos bosques têm mais vida,” / “nossa vida” no teu seio “mais amores”  - com sugestiva  ANÁFORA, repetição de palavras no começo da frase ou verso: “nossos bosques” “nossa vida”.
                               Surge então, com o nome de lábaro estrelado,oportuna referência à bandeira nacional .  Valendo-nos  dos  inflamados versos de  Castro Alves  “Auriverde pendão de minha terra,/ Que a brisa do Brasil beija e balança” ,que citamos por nossa conta, relembramos, com nosso hino, que a bandeira nacional  sugere “paz no presente e glória” no passado!
                               Os três versos a seguir merecem atenção particular. Aqui o poder coercitivo da justiça é representado  por uma “clava forte”, isto é, uma arma primitiva de guerra.A justiça tem de ser armada, para ser obedecida.A propósito, não podemos imaginar policiais com palavras carinhosas dominando a fúria de possessos que incendeiam ônibus e destroem todo tipo de  bens públicos e particulares.
                               Por estas alturas, é de novo invocada a pátria para afiançá-la de que, se for necessário, um filho seu não foge à luta. E aqui poderoso HIPÉRBATO : “Nem teme, quem te adora, a própria morte.” Em ordem direta, e com fraca expressão,teríamos: Quem te adora , não teme a própria morte. Aqui,a palavra  adorada, como alhures a palavra idolatrada,  significam simplesmente amada com um amor intenso.
                                     Concluindo: quem dera fosse nosso hino pátrio melhor conhecido e apreciado!
Parabéns a seu feliz compositor: Joaquim Osório Duque Estrada.

* Prof. Lima ou Antonio Lima Santos, é ocupante da cadeira 29 desta Academia de Letras.