quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

CONTO DE NATAL

Imagem da internet. Extraída aqui

Amado Menino de Belém

Cyro de Mattos* 



Contam que nasceu numa manjedoura, em Belém, o berço era de palha. Foi anunciado por uma estrela, no céu toda acesa de Deus. Os bichos cantaram: Jesus nasceu! Jesus nasceu! Os pastores tocavam uma música serena nas suas doces flautas. São José, o pai, o que tinha mãos habilidosas no manejo de enxó, plaina e formão, soube que de agora em diante ia talhar a mais pura fé do seu constante coração. A Virgem Maria, mãe do menino, dizia baixinho: Pobrezinho quando for um homem, de tanto nos amar, vai morrer na cruz.

Os três reis magos foram chegando, vieram de longe, muito longe, atravessaram montanhas e desertos. Traziam, como presente para o menino, mirra, incenso e ouro. Ajoelharam-se, sabiam que não eram dignos de tocar naquela palha. Bastava agora que fizessem o bem ao próximo e seriam alçados aos céus no final de suas vidas. Abelhas com os seus zumbidos de ouro vieram colocar afeto e mel no coração de cada um dos reis.

Contam mais que foi um menino que brincava como qualquer menino. Gostava de ficar sozinho, mirando a linha do horizonte. Quando ficou rapaz, não teve dúvida, havia sido o escolhido pelo Pai entre os humanos para ultrapassar aquela linha no horizonte. Para conseguir a façanha teria que fazer uma mágica em que disseminasse uma rosa na manjedoura dos ares. Juntar todas as mãos numa só mesa onde todos seriam irmãos.

Teve que trazer as sementes dadas pelo Pai para plantar cirandas nas areias do deserto. E assim, em cada ciranda que fazia entre os sofredores do ver e do viver, os sentimentos daquele homem humilde, com ares de profeta, correram nas águas doces do rio, seguiram no vento manso, que soprou a flor sozinha na plantinha do brejo. E foram levados pela borboleta até o lugar onde o amor sempre permanece, fazendo morada nas asas da ternura. 

Acharam que sua mensagem batia de frente com o conforto dos donos do poder quando saía por aí de mãos dadas com os excluídos e curava os enfermos. Espalhava a esperança na pobreza dessa terra. Convencia os homens de que viver vale a pena desde que a vida seja exercida numa comunhão em que não haja desigualdade, injustiça, opressão e hipocrisia. Só dependia de nós que a vida fosse como uma dança, sem agressão, os bichos sem matança, a mata livre da queimada, as nuvens despejando a chuva para fertilizar a terra, desprovida do veneno letal da poluição. 

Os donos do poder no sistema organizado não perdoaram a afronta. Traçaram o mais pérfido caminho para ele ultrapassar a linha do horizonte, que tanto contemplara quando era criança. Fizeram que carregasse uma cruz pesada. Puseram uma coroa de espinho na cabeça, cuspiram nele, chicotearam. Morra o rebelado, o falso profeta, o demolidor da ordem, o mentiroso fazedor de milagre, alardearam. Os que estavam com raiva nos olhos, perjuro no coração, fúria canina nas veias, investiam, urravam, não se cansavam de pedir que fosse condenado o subversivo do sistema. Ficaram calados quando foi decretada a crucificação. Não aceitaram que no seu lugar ficasse o ladrão, que para ali fora apenado com a crucificação pelos crimes cometidos.

Mas o que se viu, depois de perversa infâmia vinda de uma perseguição sem igual, é que até hoje tocam os sinos do bem na cidade e na campina, só para nos dizer que do menino nascido na manjedoura se fez um homem para ofertar a todos o amor, apesar de receber em troca seguidas pedradas. No final crucificado para que se cumprisse a profecia, o bendito salvador da humanidade veio para nos dizer que era o filho do Pai Eterno, perdoava a todos que não sabiam que a mais difícil prova era a da inocência. 

Blem, blem, blem, confirmam até hoje o acontecido os sinos de Belém, dizendo que o Menino Deus veio ao mundo dos humanos por nos querer tanto bem.

*Cyro de Mattos é membro da cadeira nº 16, 
da Academia de Letras de Ilhéus.

domingo, 15 de dezembro de 2024

JOSÉ NAZAL PACHECO SOUB OCUPA A CADEIRA 38 NA ACADEMIA DE LETRAS DE ILHÉUS

 


José Nazal recebe a insígnia da ALI das mãos do Dr. Antônio Hygino


Em memorável e prestigiada noite da última sexta-feira, dia 13/12, o fotógrafo e memorialista José Nazal Pacheco Soub, sob a presidência do confrade Pawlo Cidade, tomou posse na Academia de Letras de Ilhéus (ALI). O acadêmico foi recebido pelo confrade Jabes Ribeiro. José Nazal ocupa agora a cadeira de nº 38, cujo efetivo anterior foi o professor e promotor Carlos Eduardo Lima Passos da Silva. E a cadeira tem como patrono Virgílio de Lemos e fundador Nestor Passos.



Em pé: Jabes Ribeiro, Antônio Hygino, Ramayana Vargens, José Nazal, Pawlo Cidade.
Sentados: Anarleide Menezes, Neusa Nascimento, Luh Oliveira, Jane Hilda Badaró e Maria Schaun.


Além dos membros da ‘Casa de Abel”, a posse foi prestigiada por autoridade civis, militares, políticos, imprensa, além de confrades/confreiras de outras academias da região, a exemplo da Academia de Letras Jurídicas do Sul da Bahia (Aljusba) e da Academia Grapiúna de Letras (Agral), ambas sediadas na cidade de Itabuna.



José Nazal Pacheco Soub nasceu em uma família cujo pai, Lucio Soub, veio para a região do cacau numa leva de imigrantes do Oriente Médio e por parte do avô materno, dr. Raimundo Pacheco, juntamente com a avó Ester, que muito contribuíram para nossa cidade com serviços médicos e sociais. Sua mãe, conhecida como Amelinha e suas tias foram professoras fundadoras de colégios sendo fundamentais para a educação de algumas gerações da população ilheense.


José Nazal, Maria Schaun, Jane Hilda Badaró, Delza Schaun e Maria do Socorro Mendonça

O ocupante da cadeira de nº 38 da ALI, além de fotografo profissional é autor do livro “Minha Ilhéus”, que ganhou a sua a primeira edição no ano de 2005, e onde apresenta fotos e textos históricos de diversos autores, essa obra teve edições posteriores com ampliações e atualizações. Ele é membro do Instituto Geográfico e Histórico de Ilhéus.

José Nazal foi vice-prefeito de Ilhéus entre os anos de 2017 e 2020 e em abril de 2024, recebeu o título honorífico de Doutor Honoris Causa, pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC).


Registro fotográfico: Janine Soub

Leia o discurso de José Nazal CLICANDO AQUI.

Veja mais fotos da posse CLICANDO AQUI.

ELEITO MARCELO HENRIQUE DIAS PARA A CADEIRA 34 DA ACADEMIA DE LETRAS DE ILHÉUS



Marcelo Henrique Dias é o atual diretor do CEDOC/Uesc


Foi eleito no dia 13 de dezembro de 2024, para a cadeira nº 34, o professor e historiador Marcelo Henrique Dias. Ele ocupará a cadeira do efetivo anterior André Luiz Rosa Ribeiro.

Marcelo Henrique Dias é licenciado em História pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, é mestre em História Ibero-Americana pela Unisinos e doutor em História Social Moderna pela Universidade Federal Fluminense. Fez estágio pós-doutoral no Instituto de Ciências Sociais / Instituto Universitário de Lisboa. Atualmente é Professor Pleno da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC, Ilhéus-BA), pesquisador e vice-coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas Arqueológicas da Bahia (NEPAB), coordenador do Centro de Documentação Histórica e Memória Regional (CEDOC-UESC) e integra o corpo docente do Programa de Pós-Graduação em História da UESC (Mestrado em História).

Também é membro da Comissão Henrique Simões para os 500 anos de Ilhéus, da Academia de Letras de Ilhéus.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

ELEITA NOVA DIRETORIA DA ACADEMIA DE LETRAS DE ILHÉUS PARA O BIÊNIO 25/26


Foi eleito para a presidência da Academia de Letras de Ilhéus para o biênio 2025/2026 o professor aposentado da UESC, Josevandro Nascimento. Mestre em Direito Público, Advogado Criminalista, criador do curso de Direito da FMT, palestrante em Congressos de Direito, autor de livros jurídicos. Membro da Academia de Letras de Ilhéus, ocupando a cadeira número 14. Também membro da Academia de Letras Jurídicas de Itabuna e Ilhéus e da Academia Brasileira Rotária de Letras da Bahia.

A nova diretoria é formada por Josevandro Raymundo F. Nascimento, presidente; Luh Oliveira, vice-presidente; Maria Schaun, secretária geral; jane Hilda Badaró, 1ª. Secretária; Maria Luiza Nora de Andrade, 2ª. Secretária; Maria Luiza Heine, 1ª. Tesoureira; Vercil Rodrigues, 2º tesoureiro; Fabrício Brandão, diretor da revista e Pawlo Cidade, diretor da biblioteca. Para a Comissão de Contas foram escolhidos Ruy do Carmo Póvoas, Efson Lima e Ramayana Vargens.

A posse da nova diretoria está prevista para o dia 14 de março de 2025.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

PALESTRA: O IMPÉRIO SUÍÇO DO CACAU: A EMPRESA WILDBERGER & CO. (BAHIA,1903-1946), SERÁ REALIZADA NA ACADEMIA




A Academia de Letras de Ilhéus convida para a palestra O império suíço do cacau: a empresa Wildberger & Co. (Bahia, 1903-1946) com o historiador suíço Michael Schmitz (Universidade de Lausanne) que está em Ilhéus desenvolvendo parte de sua pesquisa de doutorado e compartilhará com o público os resultados parciais do seu trabalho.

Uma promoção do Programa de Pós-Graduação em História da UESC, do CEDOC (UESC) e da Comissão Henrique Simões para os 500 Anos de Ilhéus da Academia de Letras de Ilhéus.

Dia 10 de dezembro, terça-feira, às 19h, no salão nobre a Academia de Letras. Entrada gratuita.