Confreira Jane Hilda Mendonça Badaró na tribuna fazendo o discurso de recepção do acadêmico Alessandro Fernandes de Santana.
DISCURSO DE RECEPÇÃO PRONUNCIADO NA POSSE DO NOVO ACADÊMICO ALESSANDRO FERNANDES DE SANTANA, NA ACADEMIA DE LETRAS DE ILHÉUS, POR JANE HILDA MENDONÇA BADARÓ, EM 7 DE MAIO DE 2025.
Prezado presidente da Academia de Letras de Ilhéus, confrade Josevandro Nascimento, a quem saúdo em nome dos demais integrantes da mesa,
Magnífico Reitor da Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC, professor dr. Alessandro Fernandes de Santana, acadêmico recém-empossado nesta Academia, a quem doravante me reportarei como confrade, consoante tratamento habitual entre os pares neste sodalício.
Prezada confreira Anarleide Menezes, Secretária de Cultura do Município de Ilhéus.
Prezados colegas acadêmicos membros desta prestigiosa confraria, (e das academias irmãs das cidades circunvizinhas )
demais autoridades aqui presentes,
senhoras e senhores,
Coube-me a honrosa missão de fazer, em nome desta confraria, a saudação de recepção do acadêmico ora empossado, o novo imortal Alessandro Fernandes de Santana.
Pois bem, passo a fazê-la com muito gosto.
A sessão de posse de um novo membro na Academia de Letras de Ilhéus, é ato protocolar da maior importância, pois representa a chegada à instituição de mais uma voz a somar-se ao nosso grupo de cultores da palavra, das letras e das artes.
Trata-se, portanto, de um momento ritualístico de relevância cultural e social, visto que uma Academia de Letras reflete um espaço onde intelectuais e artistas se reúnem para debater, disseminar e criar movimentos que sejam representativos não apenas de sua época, mas também atemporais.
Este ato simbólico, portanto, transcende a mera formalidade e serve como um reconhecimento da contribuição individual do novo acadêmico ao legado intelectual da sociedade.
Mas a academia de letras não se limita a ser um espaço de condecoração, destina-se a ser um campo de ação onde os membros colaboram para promover a cultura no tempo presente, inspirando novas gerações. Hoje nos inspiramos naqueles que nos antecederam, e amanhã seremos espelho para os que aqui chegarem.
E assim a instituição reafirma sua missão de servir como um bastião da cultura, literatura e arte, através de conferências, saraus, publicações, enfim, de iniciativas diversas, sempre alinhada aos desafios contemporâneos que a sociedade enfrenta.
Pois então, a chegada de um novo acadêmico se afirma como um marco tanto para o homenageado, quanto para a Academia, simbolizando o compromisso de ambos com a promoção da cultura, da literatura, das artes, do pensamento crítico e da preservação do patrimônio cultural.
Ao incorporar um novo integrante, enriquece seu patrimônio cutural e artístico, e a interação entre o novo membro e os acadêmicos veteranos promete a troca frutífera de conhecimentos e experiências.
Tal interação não apenas perpetua a função da academia como um espaço de resistência intelectual, mas também forja um ambiente propício à inovação e à liberdade de expressão.
A escolha de cada membro de nossa Academia é resultado de um processo criterioso de seleção, que se dá inicialmente por indicação de três membros, e após, eleição, considerando vitorioso(a) o(a) mais votado(a) dentre os candidatos(as) que foram indicados(as).
E, em caso de indicação única, o(a) candidato(a) será eleito(a) se obtiver, ao menos, metade mais um de votos dos membros desta confraria.
Para as indicações, considera-se não apenas os méritos acadêmicos e literários do(a) candidato(a), mas também sua capacidade de inovar e ressoar com as questões culturais e sociais contemporâneas.
Não se trata, portanto, de um ato casual, mas sim uma afirmação do comprometimento do novo acadêmico com a cultura, a literatura, de sua capacidade de transformar ideias em arte, e de seu impacto na sociedade.
Convém jogar um pouco de luz na história, e, mesmo que em rápidas palavras, dizer um pouco sobre esta nossa entidade .
A Academia de Letras de Ilhéus, fundada em 14 de março de 1959 - atualmente com 66 anos - é uma das mais antiga do Brasil. A despeito da rica história, e maturidade, pode-se dizer que a Academia de Letras de Ilhéus é hoje uma academia jovem e vigorosa.
A instituição mantém acesos, nestas quase sete décadas de história, os ideais sonhados por seus fundadores.
Sempre alinhada aos desafios contemporâneos que a sociedade enfrenta, esta Academia - carinhosamente chamada de Casa de Abel, em homenagem ao seu idealizador e primeiro presidente, o poeta hakaista Abel Pereira - , reafirma sua missão de servir como um bastião da cultura, literatura e arte, através da promoção de conferências, saraus, festivais literários, publicações, e de outras iniciativas diversas.
Grandes nomes, homens e mulheres, da literatura, das artes, da ciências e das leis passaram, continuam, e continuarão passando por esta Casa.
Existe entre seus membros personalidades das mais diferentes idades, matizes ideológicas, formações acadêmicas, credos, talentos,visões de mundo, enfim.
E, a despeito desta diversidade, todos juntos, irmanados, contribuem para o crescimento e enriquecimento da instituição na medida das riquezas de suas trajetórias, e da força dos movimentos que empreendem nestas terras grapiúnas.
Muitos membros da Academia ilheense ganharam, e/ou ganham, visibilidade e reconhecimento que extrapolam as fronteiras locais e regionais, alcançando espaço em outras plagas, nacionais e internacionais.
A galeria dos imortais deste sodalício é extensa, e portanto, vou me abster de nominá-los, sob pena de cometer injustas omissões.
Convém ainda explicar um dos sentidos da imortalidade acadêmica: cada novo membro que se associa a este sodalício, há de trazer a lume os elogios aos antecessores de sua cadeira! E então, a história - vida e obra de cada um dos fundadores ou membros efetivos que aqui passaram - é rememorada pelos acadêmicos que chegam, devendo-se tudo registrar nos anais desta Casa, para que suas memórias estejam sempre vivas!
A minha missão aqui e agora é a de, em nome dos nossos pares, fazer-lhe a saudação de recepção pelo seu ingresso nesta Academia de Letras de Ilhéus., prezado confrade Alessandro Fernandes. O acolhemos, e também estamos sendo acolhidos pelo senhor.
Fazer-lhe os elogios é uma tarefa fácil diante da sua rica trajetória de vida pessoal e profissional.
Passemos então à sua biobibliografia.
Professor doutor, poeta, gestor público, o novo imortal, de personalidade multifacetada, ocupará a cadeira nº 9, cujo patrono é o ilustre Bernardino José de Souza, o fundador, o escritor Adonias Filho, e o ocupante anterior, o desembargador Luiz Pedreira Fernandes.
Alessandro Fernandes de Santana nasceu na cidade de Itabuna, em 03 de outubro do ano de 1974, e é cidadão ilheense titulado por deliberação da Câmara de Vereadores desta cidade.
Filho do senhor Antônio Albérico da Silva Santana, Técnico Agrícola, Agricultor e Político, e da senhora Ildacy Fernandes de Santana, professora, possui 2 Irmãos: Leonardo Fernandes de Santana e Fabrício Fernandes de Santana, ambos professores.
Confrade Alessandro Fernandes define como as maiores marcas de seus pais, o amor e a dedicação pela família, o direcionamento aos filhos no caminho da retidão, além de terem sido sempre fortes incentivadores do gosto pela leitura.
Ele possui uma filha, Letícia Fernandes, e companheira, Noemi Pólvora.
É professor do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Santa Cruz- UESC, onde também se graduou em Economia e Administração, e se especializou em Economia Empresarial.
Mestre em Cultura pela Universidade Estadual de Santa Cruz cominada com a Universidade Federal da Bahia.
Doutor em Ciências Sociais, Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).
Preside o Conselho de Administração do Centro de Pesquisa (CEPEDI), é membro da Associação Brasileira de Reitores das Universidades Estaduais e Municipais (ABRUEM).
Coordena o programa de gestão e apoio institucional dos municípios da Região Sul da Bahia,
e integra a Academia de Letras de Itabuna (ALITA) e a Academia de Letras e Artes Grapiúna (AGRAL).
Realiza profícua atividade no cargo de Reitor da Universidade Estadual de Santa Cruz- UESC, desde 4 de fevereiro de 2020, estando então em sua segunda gestão.
Ao longo dos 51 anos de existência, a UESC, vem atuando na formação de profissionais nas mais diversas áreas. Pelo compromisso que sempre teve com o ensino, a pesquisa e extensão, destaca-se entre as instituições de ensino superior, e se encontra no ranking das melhores universidades, tanto à nível nacional, quanto internacional.
Vale frisar que a UESC - “patrimônio da sociedade baiana e orgulho de todos nós” - tem sido uma parceira importante da Academia de Letras de Ilhéus. Parcerias em promoções de festivais, concursos literários, publicações, projetos - à exemplo das comemorações dos 500 anos de Ilhéus, projeto que está em andamento -, dentre outros.
Nosso novo confrade já foi presidente do Fórum dos Reitores das Universidades Estaduais da Bahia, coordenador do Curso de Ciências Econômicas, Pró-reitor de Extensão da Universidade Estadual de Santa Cruz- UESC, e foi Secretário Municipal de Educação e Cultura de Arataca.
Recebeu a Comenda da Ordem do Mérito de São Jorge dos Ilhéus, outorgado pelo Poder Executivo.
Enquanto gestor da UESC, representando a instituição, recebeu a comenda Ruy Barbosa, outorgada por esta Academia, quando da sua primeira edição, no ano de 2022.
Sobre suas publicações, possui capítulos de livros com temas nas áreas de: Economia, Desenvolvimento e Educação, além de diversos artigos publicados, discursos e palestras, dos mais diversos assuntos.
Quem o vê discursar - e são muitas as oportunidades - sabe da sua eloquência, pois possui a habilidade de se expressar de forma clara, persuasiva e convincente, usando recursos linguísticos e retóricos.
Publicou seu primeiro livro de poesias: Rascunhos Reais, em 2022, pela Editora Editus, e o próximo, Afetos Reais está pronto, e será publicado ainda neste primeiro semestre do corrente ano.
No prólogo de Rascunhos Reais declara que sua vida inteira foi dedicada aos temas acadêmicos e sobre gestão, mas sempre teve duas grandes paixões: a literatura e a poesia.
Quanto à poesia, mais que apaixonado, acredita piamente que a existência desta torna o mundo dos leitores mais leve, belo e esperançoso.
O livro Rascunhos Reais é ilustrado pelo artista Sanqueilo de Lima Santos. E prefaciado por nossa querida confreira Tica Simões, professora pós-doutora aposentada do Departamento de Letras e Artes da Universidade Estadual de Santa Cruz, que o indica fortemente.
Alessandro Fernandes revela que “o título do livro foi extraído do poema Sonhos. Tal afirmação induz à compreensão de que, com a sua publicação, Rascunhos Reais transforma em realidade um sonho que existia em rascunhos”.
“Sonhos são rascunhos reais/Precisam ser lapidados/Há de se ter paciência/Abandoná-los, jamais”.
Vê-se, nestas palavras, extraídas do poema da lavra do novo acadêmico, que estamos diante de um poeta que cria, lapida e realiza sonhos...e, sabemos todos, os sonhos traçam trajetórias!
Também na sua frase de chamada do perfil no instagram o novo imortal grafa a seguinte frase: “sonhos não envelhecem”.
Esta temática - a dos sonhos - demonstra a característica do acadêmico Alessandro Fernandes de criar objetivos, e realizá-los.
A temática me faz lembrar o famoso discurso de Martir Luter king...“Eu tenho um sonho.”
Fernando Pessoa fez um poema que diz: “Eu tenho em mim todos os sonhos do mundo”.
Franciscus - saudoso Papa que se mostrou um grande humanista, sem ter perdido a sacralidade - também se reportou a este tema quando falou aos jovens: “Tenham coragem. Não tenham medo de sonhar coisas grandes”
Pois então, queridos amigos, para ser grande é preciso sonhar ...
...para ser grande é preciso sonhar (grande)...sonhemos, pois!
A nossa Academia recebe hoje um poeta. Um poeta que mesmo em tempos de cólera, ama e cultiva as belas-letras, e explora temas profundos e universais, como o amor. “Rascunhos Reais é um livro que fala fundamentalmente sobre o amor: o amor pela poesia, o amor pela literatura, o amor que eleva, o amor que dá e que é ele próprio o sentido da vida”.
“O poeta é antes uma espécie humana tocada pelo vigor da criação: alguém que trabalha a Linguagem no interior de um compromisso criativo, mesmo que em diferentes campos da aventura ou do saber humano, na investigação científica, no desempenho público, na vida profissional”, disse Eduardo Portela em seu discurso ao saudar Carlos Nejar na Academia Brasileira de Letras, em maio de 89.
Acho bem próprio trazer tal conceito alargado nesta saudação que ora faço. Além do acadêmico ora recepcionado, felizmente que temos muitos outros poetas por aqui.
Com o advento da tecnologia e da internet, a publicação digital e as plataformas de auto-publicação oferecem novas oportunidades para que escritores compartilhem suas obras com um público mais amplo.
O confrade Alessandro se utiliza dos suportes digitais para publicar vídeos declamando suas próprias poesias, e, além, também declama e resenha com muita desenvoltura obras diversos da literatura nacional e universal, assim como de publicações mais recentes de grande valor.
Enfim, querido confrade Alessandro, a Academia de Letras de Ilhéus ganha muito com sua presença. Pessoa que possui um vasto conhecimento em diversas áreas do saber. Poeta, intelectual, educador, gestor público, orador sensato, ordenado, de alto descortino, senhor do vernáculo. Com certeza virá trazer a esta Casa a contribuição de sua inteligência e saber.
Finalizando, Sr. Presidente, a obrigação para a qual me designou está cumprida.
Resta apenas congratular-me com nossos pares, pelo fato auspicioso de nos vermos aqui reunidos sob a inspiração do mesmo ideal, procurando, apesar das perturbações sociais que por vezes nos assoberbam, a serenidade benéfica e fecunda que só a cultura, a arte e a educação podem proporcionar.
Faço votos que tenhamos farto período de trabalhos pacíficos e proveitosos em benefício da nossa cultura.
É portanto, com imensa honra e alegria, que damos as boas-vindas ao nosso estimado novel confrade, Alessandro Fernandes de Santana:
Seja muito bem-vindo, confrade! Esta casa doravante também é sua!
Muito obrigada!
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