sexta-feira, 9 de agosto de 2013

JORGE AMADO E A CIDADE DE SÃO JORGE DOS ILHÉUS

Jorge Amado escrevendo Dona Flor com a ajuda do gato Nacib

A Cidade de São Jorge dos Ilhéus não é apenas um ponto do mapa no País. Desde os idos da Capitania Hereditária, Sesmarias, passando de Vila à Cidade, sua bibliografia e história são riquíssimas: dos gentios à paisagem marítima, fauna e flora exuberantes, com registros de memorialistas,fastos,iconografia de viajantes e artistas europeus, revocados, em procedimentos permanentes.

Instituído em 2007, o Fórum Permanente em Defesa de Ilhéus, desvinculado da política partidária, congrega Associação Comercial, Academia de Letras, Instituto Geográfico e Histórico, Maçonaria, Clubes de Convivência, Grupos Afro-baianos, mobilizando a sociedade no “processo de restauração moral, econômica e social e a cidade, na recuperação de projetos de gestões anteriores” no que, implicitamente, inclui a preservação dos patrimônios material, imaterial, cultuando a memória de vultos históricos e literários, consubstanciando a lei municipal, que tornou obrigatória a inclusão de História de Ilhéus nos programas da rede de ensino pública de um dos mais importantes pólos turísticos da Bahia. É neste contexto que se insere a figura de nosso homenageado: Jorge Amado.

Em 25 de março de 1911, casam-se em Ilhéus Eulália Leal (BA) e João Amado de Faria(SE). Adquirem terras em Ferradas, Itabuna, município recém-emancipado de Ilhéus, onde nasce Jorge Amado, na Fazenda Auricídia, em 10 de agosto de 1912.

Com a enchente de 1914, a plantação é devastada, com perda total.Transferem-se inicialmente para São João do Pontal, arrabalde de Ilhéus. Alfabetizado pela sua mãe, Jorge inicia sua educação formal com a Professora Guilhermina Selmann e, posteriormente, no Atheneu Fernando Caldas.

As finanças da família são reestruturadas com a força de trabalho e a premiação lotérica de 500 contos que possibilitaram a compra da fazenda Tararanga, em Pirangi, atual Itajuípe, onde seriam deflagradas, no entorno e em Sequeiro Grande, as lutas sangrentas narradas no épico Terras do sem fim e Tocaia Grande: a face obscura.

Passam a residir no centro de Ilhéus no “palacete”, atual Casa de Cultura Jorge Amado, (FOTO) onde nascem os irmãos Joelson e James. Escreve os primeiros capítulos de O País do Carnaval, seu primeiro romance, em 1926. Jorge Amado, o eterno e polivalente “menino grapiúna”: “Quero dizer que em nenhum momento desses acontecimentos que me tornaram conhecido deixei de me lembrar que foi aqui onde tudo começou.Foi aqui em Ilhéus,na praça do Vesúvio.Não foi noutro lugar"

Jornalista, articulista, crítico literário, escritor, político, poeta, mensageiro da paz, pacifista e fraterno, cidadão do mundo,inicia no romance nordestino, “O Ciclo do Cacau”, com narrativas que retratam cenários, costumes e personagens, vivenciados e guardados, no fundo de seu coração e memória.

Cacau (1933), Terras do sem fim (1943), São Jorge dos Ilhéus(1944), Gabriela, cravo e canela: crônica de uma cidade do interior (1958); Tocaia grande: a face obscura (1984). Em 1981, centenário de elevação da Cidade, torna pública a sua “Declaração de amor à Cidade de São Jorge dos Ilhéus.” Relatos autobiográficos: O menino grapiúna (1982)  e  Navegação de cabotagem: um livro de memórias que jamais escreverei (1992).

Dentre as honrarias por ele recebidas  estão: 1959. Academia de Letras de Ilhéus (8 de março). Membro fundador. Cadeira nº 13. Patrono: Antônio de Castro Alves. Sucessora efetiva: Zélia Gattai Amado (24/3/2002); 1961. Presente do Fardão e espadim quando de sua posse na Academia Brasileira de Letras (17 de julho); 1962. Homenagem e presença, com Zélia Gattai, no I Festival do Livro no Clube dos Bancários de Ilhéus;1975. Comendador: Cidadão Benemérito de Ilhéus. Lei Municipal nº 117;Ordem do Mérito de São Jorge dos IIhéus; 1992. Outorgado com Troféu Gabriela de ouro; Obras vivas: Escolas Ursulinas do Brasil.Instituto Nossa Senhora da Piedade  Exposição, Teatro, Dança, Gincana. Mesa-redonda:Terras do sem fim;   Universidade Estadual de Santa Cruz Concurso "A Região cacaueira na obra de Jorge Amado", Encenação de Dona Flor e seus dois Maridos, Teatro Municipal de Ilhéus; 1997. 

Título de Cidadão Ilheense, concedido pela  Câmara de Vereadores; Inauguração da Casa de Cultura Jorge Amado, em 27 de julho; 1998 Fantasia Jorgeamadiana,espetáculo teatral com música, poesia, dança e balé, abordando trechos de sua obra com participação de artistas radicados em terras grapiúnas. Roteiro,trilha sonora  e direção: Eliane Sabóia. Bienal;  2000. Inauguração do Quarteirão Jorge Amado; 2001. Troféu Jorge Amado de Cultura e Arte. Concedido pela Prefeitura Municipal, todos os anos, a pessoas que se destacaram no ano em diferentes atividades;2002. Denominação do Aeroporto Jorge Amado. Decreto nº. 10.412, de 12 de março; Terras do sem fim. Encenação teatral. Universidade Estadual de Santa Cruz. Adaptação e direção de Ramayana Vargens; 2005. Início do “Agosto de Jorge Amado”. Festa anual; 2006. Feira do Livro. Palestras sobre a obra e o autor. Centro de Convenções Luís Eduardo Magalhães; 2007. O Bataclan – Restauração resultante de esforços de arquitetos e artesãos, aberto ao público com apresentações de atores caracterizados como personagens descritos em sua obra.

A Cidade e a Academia de Letras de Ilhéus,reconhecidas, promovem anualmente, o AGOSTO DE JORGE AMADO, mês em que se deu a alfa e ômega de seu ilustre filho. 


“Tomo a mão de minha namorada, cúmplice da aventura há mais de meio século, co-piloto na navegação de cabotagem: vamos sair de férias, mulher, bem as merecemos após tanto dia e noite de trabalho na escrita e na invenção. Vamos de passeio, sem obrigações, sem compromissos, vamos vagabundear sem montra de relógio, sem roteiro, anônimos viandantes.”  (Jorge Amado).

Texto e colaboração de Eliane Sabóia Ribeiro, professora aposentada do Departamento de Documentação da Universidade Federal Fluminense e membro da Academia de Letras de Ilhéus. Cadeira n.12.

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