quinta-feira, 20 de março de 2014

CRÔNICA

FUTEBOL
Por Prof. Lima       

Confesso que não tenho grandes ligações   com o futebol, embora goste de assistir pela TV a partidas importantes. Aliás, uns bons tempos atrás, quando menino do interior, brincava com bolas de meia atochada de pano ou com papo de peru cheio de vento. A primeira vez que dei um ponta-pé em bola de borracha, caí solenemente de costas em plena praça, à frente da igreja, brincando com outros garotos.
       Tenho ainda um episódio interessante, quando bispo de Ilhéus/BA no tempo em que esta cidade brilhava  no cenário nacional, e  internacional,  como exportadora  de cacau.O episódio mostra como a apreciação das atividades humanas evolui com a cultura da  época.Foi o caso que um dos grandes cacauicultores,numa viagem  turística, ao chegar na fronteira Áustria com outro país, quando revelou que ele e os demais do grupo eram brasileiros, viu na mesma hora alguns guardas  exclamar alto com entusiasmo: “Garrincha, Pelé”.Contando a história, nosso caro fazendeiro parou para desabafar: “Que vergonha! Parecia que o Brasil não tinha mais nada para apresentar ao mundo, senão  futebol.”  .
       É realmente interessante a atração que exerce a redonda na humanidade, a começar dos mais verdes anos dos indivíduos e do próprio gênero humano.
         Cerca do ano 3.000 antes de Cristo,  os militares chineses se entregavam a um jogo que, em última análise,  era um treino militar. Depois  das guerras, se organizavam em  equipes para chutar a cabeça cortada dos soldados inimigos. Posteriormente, as cabeças dos inimigos foram sendo substituídas por bolas de couro cobertas de cabelo. Eram  duas equipes com oito jogadores e a meta  era passar a bola de pé em pé sem deixar cair no chão, conduzindo-a  para dentro de duas estacas fincadas no campo.Quando chutavam cabeças, eu creio, devia haver certo número de  inimigos de reserva para não faltarem cabeças frescas!
          É  interessante notar como para ser  grande jogador, não basta a capacidade física. Estive investigando  alguns dados psicológicos a respeito dos maiorais no futebol e descobri muita coisa notável.Um treinador italiano, falando da formação dos jovens atletas, chegou a dizer que antes de formar o jogador é preciso formar o homem.Eis o que leio num artigo em italiano: “Não se chega a jogar em equipes famosas como o Milan,a Juventus ou nacional, quando não se tem uma personalidade bem estruturada,uma personalidade forte que permita ao indivíduo superar as mil  dificuldades que o futebol de alto nível oferece”.  O atleta tem de se adaptar a jogar em equipe; ser capaz de superar as injúrias  da torcida, quando não é feliz em certos jogos; a inveja, a falta de cooperação dos que jogam para brilhar individualmente; a antipatia que talvez sinta contra o treinador ou nota nele contra sua pessoa; a estupidez dos adversários, assim por diante.

          
Enveredei no assunto futebol por causa da Copa já próxima aqui no Brasil e observando o contraste entre os que se opõem a ela e os milhões que sacrificam seu dinheiro, seu tempo, suas comodidades  para ter o prazer de assistir às partidas.Não  podemos taxar de idiotas estes últimos. Quanto a mim, peço a Deus para  que ilumine e fortaleça nossas autoridades para vencer os obstáculos, e o Brasil possa sair-se gloriosamente como agora a  Rússia nas Olimpíadas de Inverno e, há pouco, o próprio Brasil na recepção ao Papa Francisco.
          O Brasil tem condições para todo lazer honesto e satisfazer todas as suas necessidades. Falta é acabar  com a desavergonhada corrupção que  desvia  para o próprio bolso parte considerável dos lucros de meses de trabalho que todo ano o povo brasileiro paga ao Governo.
Chova, faça sol,
Duas traves, uma bola:
Viva o futebol!

PUBLICAÇÃO NO DIÁRIO DO RIO DOCE/GV
AGRADECEMOS A DIVULGAÇÃO

Prof.Lima é membro da Academia de Letras de Ilhéus/BA  e da Academia Valadarense de Letras  de Governador Valadares/MG

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