"Eu já sentei no chão do
banheiro, enquanto via minhas lágrimas se misturarem com a água que escorria
pelo chuveiro. Já corri tanto até não agüentar mais. Subi no telhado da vizinha
querendo ver a filha dela tomar banho. Já ouvi tantos “nãos” da minha mãe que
me tranquei no quarto sem querer falar mais com ninguém. Briguei com o meu pai porque
ele não queria que eu fosse a uma festa. Mandei meu avô ir cantar coco só
porque ele não me deu dinheiro para comprar um sorvete. Colecionei gibis de
super-heróis, selos, botões, tampinhas de refrigerante, sobretudo àquelas que
traziam os personagens da Disney e quase que ela ficou completa se tivesse
encontrado o Pato Donald.
Já fui ajudante de pedreiro,
balconista, menino de recados e namorador. Amei muito, chorei muito quando meu
pai se foi. Mais ainda quando a minha mãe partiu. Já fiz curso de tanta coisa,
mas sempre fiquei no tripé: arte - meio ambiente - educação. De tudo que eu tive e que ainda
terei só uma coisa me fez perceber que é mais importante do que qualquer coisa:
a amizade.
Assim, neste momento em que
me torno "imortal", ao assumir a cadeira número 13, que pertenceu a
Jorge Amado e depois a Zélia Gattai, só tenho que agradecer a Deus por tudo e a
vocês, meus amigos, que sempre acreditaram no meu trabalho.De todo o coração,
meu muito obrigado. Que Deus esteja sempre com vocês." (Pawlo Cidade, em
discurso de posse na Academia de Letras de Ilhéus, no dia 26 de Agosto de
2010.)
Pawlo Cidade é pedagogo,
especialista em Educação Ambiental, professor, autor e diretor de Teatro,
escritor, produtor cultural, diretor-presidente do Colegiado Setorial de Teatro
da Bahia, presidente do Fórum de Agentes e Empreendedores Culturais do Litoral
Sul.
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