terça-feira, 30 de março de 2021

ENTREVISTA

Foto: Ítalo Matos. Ao fundo, a biblioteca Dorival de Freitas, da ALI.

"Somos uma instituição que se dedica a estudar, incentivar e promover os autores da literatura baiana e brasileira"


O portal de notícias www.jornaldireitos.com e o jornal DIREITOS entrevistam o recém empossado presidente da Academia de Letras de Ilhéus (ALI), o escritor, gestor cultural Pawlo Cidade (foto).

DIREITOS – Quando e quem foram os fundadores da Academia de Letras de Ilhéus (ALI)?

PAWLO CIDADE – A Academia de Letras de Ilhéus foi fundada em 14 de março de 1959, entre seus fundados estão Abel Pereira, Halil Medauar, Osvaldo Ramos, Nelson Sachaun, Francolino Neto, José Nunes de Aquino, Jorge Fialho, Washington Landulfo, Nilo Cardoso e Plínio de Almeida. Que por sinal, se tornou a primeira diretoria. Mas podemos citar ainda grandes nomes como o poeta Sosígenes Costa, o geógrafo Milton Santos, o ex-ministro José Cândido de Carvalho Filho e Otávio Moura.

DIREITOS – Quais são os objetivos e finalidades da Academia de Letras de Ilhéus (ALI)?

PAWLO CIDADE – Nosso estatuto é bem claro quanto a isso. Neste momento estamos fazendo uma reforma para adequá-lo ao Art. 5º, da Constituição Federal, ao Código Civil de 2002 e a Lei nº 13.019/2014, que trata do Marco Regulamentório das Organizações da Sociedade Civil, sem perder nossos principais objetivos e finalidades que têm a cultura da língua e da literatura nacionais, nas suas relações com as ciências e as artes, sob a divisa Patriae Litteras Colendo Serviam, “Cultuando a pátria, servindo as letras”. 

Somos uma instituição que se dedica tanto quanto possível, a estudar, incentivar e promover os autores da literatura baiana e da literatura brasileira, assim como à realização de capacitações, cursos, eventos, saraus, encontros, seminários, feiras e festivais, a exemplo do FLIOS – Festa Literária de Ilhéus, do Prêmio de Literatura Sosígenes Costa e em breve o Prêmio Castro Alves de Poesia e a entrega da Comenda Ruy Barbosa. Todas estas ações fazem parte de nossas finalidades e permitem uma integração da instituição com o meio social em que está inserida. Além de estimular o movimento intelectual onde quer que consiga chegar com sua influência, sugerindo aos poderes públicos medidas necessárias.

DIREITOS – O que vem a ser a Comenda Ruy Barbosa?

PAWLO CIDADE – A Comenda Ruy Barbosa é um projeto que irá homenagear profissionais, intelectuais e artistas de diversos campos de atuação. Entre eles, a saúde, as artes, o judiciário. Mas antes de dar mais detalhes iremos primeiro apresentá-la aos confrades e confreiras para regulamentação, aprovação e criação de uma comissão que fará a escolha dos homenageados. É comum à nossa confraria erguer bandeiras somente após ouvir nossos pares. O que não é nenhuma dificuldade para mim, já que venho de uma escola em que estou acostumado a ouvir os mais interessados de um determinado segmento quando apresentamos uma nova proposta.

DIREITOS – Quais foram as ações desenvolvidas ao longo dos anos pela ALI que merecem destaques?

PAWLO CIDADE – A gestão anterior, sob o comando do professor e historiador André Rosa foi muito bem avaliada e merece elogios. Dentre as principais articulações eu destaco o Prêmio Sosígenes Costa e a FLIOS – Festa Literária de Ilhéus, em parceria com importantes instituições públicas como a UESC/Editus e a Fundação Pedro Calmon e a criação de saraus literários. 

DIREITOS – O senhor acha importante dar continuidade a projetos que se destacaram na gestão anterior?

PAWLO CIDADE – Absolutamente! Aprendi que as boas práticas, os bons costumes e o que foi bom para um período, pode e deve ter solução de continuidade. A gestão passada abriu as portas da Academia para a sociedade civil, para o diálogo, para o bom debate. É fato que algumas coisas precisam ser ajustadas e ter o devido tom na execução. Nós daremos continuidade à FLIOS e ao Prêmio Sosígenes Costa. Somos uma tertúlia de pensadores e intelectuais com uma única missão: Patriae Litteras Colendo Serviam. A ALI não é o escritor Pawlo Cidade, o historiador André Rosa, o poeta Geraldo Lavigne. A ALI é um conjunto de 40 membros com a finalidade primeira de cuidar, sobretudo, do nosso maior patrimônio. 

DIREITOS – Quais são os critérios para ser aceito como imortal da ALI? E se existe alguma cadeira vaga atualmente?

PAWLO CIDADE – Para fazer parte do quadro de imortais, o candidato ou a candidata à vaga de membro efetivo, deverá ser indicado por, no mínimo, três membros efetivos, como atestam nosso Estatuto e nosso Regimento Interno. Se a indicação for chancelada pela maioria absoluta dos membros efetivos, o candidato é declarado admitido.

DIREITOS – A Academia de Letras de Ilhéus aceita como membro de seu quadro intelectual de outras cidades e/ou regiões?

PAWLO CIDADE – Sim. Dos membros efetivos da Academia, trinta devem ser, obrigatoriamente, baianos natos, podendo os dez restantes serem ou não baianos de nascimento, contanto que sejam brasileiros, e, no caso de não serem baianos, possam ter-se como tais, pela sua atuação cultural, intelectual e social na Bahia. A última versão do estatuto ratifica isso. 

DIREITOS – Quais são os endereços físico e virtual e telefone (s) de contato (s) da ALI?

PAWLO CIDADE – A Academia está situada à Rua Antônio Lavigne de Lemos, 39, centro de Ilhéus. Nosso telefone de contato é o 73.3231.1612. Nosso e-mail: academiadeletrasdeilheus@gmail.com e blog: http://academiadeletrasdeilheus.blogspot.com

DIREITOS – Além do senhor como presidente da ALI, quais são os demais membros da atual diretoria e suas funções?

PAWLO CIDADE – A diretoria eleita para o biênio 2021-2023 é composta pelo vice-presidente doutor Gustavo Cunha, a secretária geral e advogada Jane Hilda Badaró; o 1º secretário, professor Sebastião Maciel; a 2ª. secretária, a escritora Luh Oliveira; a 1ª. tesoureira, a museóloga Anarleide Menezes; o 2º tesoureiro, o pediatra e escritor Leônidas Azevedo; o diretor da revista, Ramayana Vargens e a diretora de biblioteca, Baísa Nora.

DIREITOS – Quais são as propostas dessa gestão para o biênio 2021-2023?

PAWLO CIDADE – Nós não pensando apenas em propostas que se limitem apenas a mensurar o tempo, aos recursos necessários a sua execução e as ações que vão tirá-las do papel para a prática. Apresentamos um Plano de Ação que contemplem, sobretudo, metas institucionais, metas operacionais e metas de fomento. Ou seja, se você tem uma missão a ser cumprida, você precisa ter uma visão de onde você quer chegar. Desta forma, queremos uma Academia que seja a representação e a referência do livro e da leitura na Bahia. Projetos como a FLIOS e prêmios literários; auxiliar na publicação de obras literárias e científicas ou artísticas de autores regionais que não disponham dos recursos necessários; promover autores e autoras da literatura regional; coligir dados biográficos e literários de autores regionais, como subsídio a estudos da literatura produzida em nosso meio, criar um memorial da academia, um espaço para exposição e venda dos livros baianos, são alguns destes projetos estruturantes.

DIREITOS – A ALI desenvolve parcerias com outras instituições da cidade e/ou região?

PAWLO CIDADE – Sim. Além de empresários locais, ao longo da nossa história temos firmado parcerias com a prefeitura municipal de Ilhéus, a Secretaria Estadual da Cultura, a Fundação Pedro Calmon, a Universidade Estadual de Santa Cruz e com empresas de segurança, como a VIP Segurança que tem sido nosso braço forte ao longo destes anos.

DIREITOS – Suas considerações finais.

PAWLO CIDADE – As Academias de Letras precisam estimular, facilitar, organizar e estar presente no movimento intelectual onde quer que consigamos chegar com nossa influência, dizendo aos poderes públicos quais as medidas convenientes a serem tomadas. Tem que estar na dianteira das políticas públicas, sobretudo, do livro e da leitura. Não podemos, por exemplo, nos omitir diante do baixo índice de leitura da região. Temos que fazer mais do que reclamar daqueles que não gostam de ler, das políticas ineficazes ou dos projetos eventuais. Nós, literatos, escritores, intelectuais e leitores sabemos do poder transformador de um livro. Um livro pode mudar a vida de muita gente. É papel das Academias, também, despertar o interesse pela leitura. Enquanto estivermos à frente da ALI, faremos este papel.

Disponível em: http://jornaldireitos.com/#/entrevista?p=15788 Acessada em 30/03/2021. Publicada no site www.jornaldireitos.com em 29 de março de 2021.

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