Dois Sonetos Marinhos
Cyro de Mattos*
Olivença
Ressoavam no peito leopardos
Num som feito de luz, cor e magia,
Por esses mares antes navegados
O calendário na vaga esquecia.
O azul do céu em cima iluminava
Mas embaixo era o verde que encantava
Nessa brisa, no desfile de sereia,
Nos meus olhos seduzidos na areia.
Certamente era o verde que vestia
A flor pura do náutico coração,
Ardentemente era o azul que bebia
O amor perfeito solto na canção.
E me inventava com forte armadura
Pra hoje resistir aos sons da amargura.
Pontal dos Ilhéus
Descobria estrelas, mar, céu, canção
De peixe ouvia na voz do verão,
Rota que sabia de vidro, ardente
De sol e de sal onde o navegante
Parava no Morro de Pernambuco
Para o de São Sebastião um pouco
Mirar e em ventos ancestrais voar.
Praias do Sul, da Concha, sublunar
Hora do búzio vazando na areia
Segredos inocentes de sereia.
Escuta: o canto o azul estremecendo
É de teu pássaro de aço subindo.
E mais: o apito de teu barco triste
Pelo canal em busca do horizonte.
Cyro de Mattos é escritor e
poeta. Premiado no Brasil e exterior. Vai representar o Brasil no XVI Encontro
de Poetas Iberoamericanos, em Salamanca, promovido pela Fundação Cultural de
Salamanca e Centro de Estudos Brasileiros da Universidade de Salamanca,
Espanha, nos dias 2 e 3 de outubro.
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